A desigualdade social do país se reflete no acesso à internet: um em cada três lares das classes D e E não tem nenhum tipo de conexão.
As desigualdades sociais no Brasil têm reflexos, também, no acesso à internet. De cada três lares das classes D e E, um não tem nenhum tipo de conexão.
Está na mão de todo mundo. Quase o tempo todo.
“A gente está, assim, refém do celular, entendeu? Você esquece, é como se fosse uma roupa, uma coisa muito, muito importante mesmo”, diz a chefe de cozinha Rosilane Ribeiro.
É pelo celular que os brasileiros mais acessam a internet. A televisão é o segundo dispositivo mais usado para conexão. Já não é mais o computador, que fica em terceiro lugar na lista. Os dados do Centro Regional de Estudos para Desenvolvimento da Sociedade da Informação mostram a expansão da internet no Brasil.
Nos últimos 20 anos, a proporção de pessoas que têm internet em casa, nas áreas urbanas, saltou de 13% para 85%. Hoje, sete em cada oito lares estão conectados. São quase 160 milhões de usuários no país.
Mas, apesar dos avanços, a pesquisa também mostra que ainda há desigualdades marcantes. Enquanto todos os lares de classe A têm internet, um terço das casas de classes D e E não possui acesso à rede. E falta qualidade de conexão nas áreas mais vulneráveis.
“Parte da população tem uma internet de pior qualidade, mais lenta, com sinal que não está sempre disponível. E, quando usa a rede móvel, pessoas que dependem de um plano pré-pago, por exemplo, relatam que ficam sem internet antes do fim do mês. O que a gente precisa, além de terminar a universalização da internet, é garantir que a internet seja boa para todos os brasileiros”, afirma Fábio Storino, coordenador da pesquisa TIC Domicílios/Cetic.br.
Vinte e nove milhões de brasileiros ainda não acessam a internet. Quase metade desse grupo tem 60 anos ou mais. E o principal motivo dessa desconexão, segundo a pesquisa, é a falta de intimidade com as redes. Mulheres, que estão dando os primeiros passos no empreendedorismo, mas esbarram na dificuldade.
"Estou fazendo a aula aqui, mas toda hora chamo a Débora. É meio difícil, complicado de mexer na internet”, diz a dona de casa Carmem Sandra.
A Débora é uma das professoras de uma ONG que resolveu incluir aulas de tecnologia no programa do curso de confeitaria.
"Muitas delas nunca nem abriram um computador, ligaram um computador. E isso nos despertou para algo. Nós precisamos fazer algo para que essas mulheres tenham acesso, porque são empreendedoras. Hoje em dia, para empreender, a gente precisa ter acesso à internet”, afirma Débora Dobrochinski, nutricionista e professora da ONG.
"Ela vai me ajudar a chegar a lugares que eu não posso. Eu creio que com a logo certinha, as ferramentas, com meu portfólio, eu vou conseguir ir além”, diz a empreendedora Marisa dos Santos.
Por Jornal Nacional