Pressione Enter e depois Control mais Ponto para Audio

Bolsonaro volta à radicalização e contrata próximo capítulo da crise

spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

As manifestações no domingo (26), serviram para deixar o clima mais pesado nos bastidores do governo.

A condução retórica de Jair Bolsonaro (PSL) à frente da Presidência segue uma previsibilidade banal, como atestou seu comportamento ao longo do domingo (26).

Primeiro, ele deu as senhas para as manifestações convocadas por sua militância virtual ao endossar um texto que via na dita “velha política” a origem de todos os males que o impedem de revolucionar a vida brasileira. Depois, dada a reação dentro (militares) e fora (praticamente todos os atores políticos) do governo, Bolsonaro voltou atrás e pediu comedimento.

Isac Nóbrega/PR (Foto de arquivo)

Quando surgiram as primeiras imagens de gente na rua em apoio a qualquer coisa associada ao governo, incluindo aí ataques ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro passou a alimentar suas redes sociais com a celebração da manifestação. Alguém poderá argumentar que foi o filho vereador, Carlos, o responsável pela tática, mas o fato é que não faz diferença a essa altura do campeonato.

Se não “lacrou”, para ficar na novilíngua virtual em vigor, ao menos surfou nos atos que foram conclamados por ele e sua claque. Nesse sentido, a espontaneidade proclamada pelo presidente não é nada mais do que uma empulhação, assim como foram os movimentos supostamente racionais ao longo da semana passada.

Como o bom senso sugeria, houve bastante gente na rua, mas nenhum tsunami inesperado. Nem tampouco houve o fracasso que a torcida à esquerda previa. O presidente ficou no meio-termo, curiosamente neste ponto muito semelhante ao apoio orgânico dado ao PT -algo como um terço do eleitorado, conforme indicam as pesquisas eleitorais neste ponto.

Assim, não houve nada que assustasse o Congresso como o ato em defesa da educação da semana retrasada -cujo poderio ainda precisa ser avaliado, pois se refluir a um ambiente esquerdista, tenderá a dissolver enquanto força de pressão. O Brasil de 2019 é um país à direita.

Por outro lado, o apoio e o tom em vários pontos do país, de confronto e radicalização, dão a senha para a contratação das próximas crises do governo. Como não tem uma base organizada, o governo verá o Congresso reagir à retórica das manifestações ditas espontâneas. Parlamentar tem medo de rua, mas é possível argumentar que elas estão longe de falar uma única língua. O fracasso do PT em defender Dilma Rousseff em 2015-16, apesar de toda a “expertise” de protestos, é um lembrete útil ao bolsonarismo.

A eventual aprovação da reforma da Previdência, pauta incluída entre tantas outras nos protestos deste domingo, não poderá nesse sentido ser colocada na conta dos efeitos de uma pressão popular. Até porque ela está longe de ser uma bandeira popular.

No Judiciário, engana-se quem acha que o Supremo não cerrará fileiras em torno da defesa da instituição. A movimentação recente do presidente da corte, Dias Toffoli, indica uma interlocução bastante efetiva com diversas instâncias do mundo político. O presidente não terá vida fácil.

Desde o começo do governo Bolsonaro, as alas mais próximas do presidente no círculo que se autointitula antiesablishment só procuram o confronto. Acreditam, de forma declarada, que é preciso “quebrar o sistema”, seja lá o que for isso, em nome da purificação das práticas políticas do país. Historicamente, esse tipo de ruptura nunca dá em coisa boa quando ocorre.

Naquele núcleo duro, o único filho mais ponderado do presidente na política, o senador Flávio, perdeu voz ao se ver envolvido na investigação sobre milícias do Rio de Janeiro. A radicalização da prole restante e do pai deram o tom do enfrentamento, que a esta altura só garantiu uma vitória: a da degradação ainda maior do ambiente político, com meros cinco meses de governo.

O texto é do jornalista Igor Gielow

Com informações da FOLHAPRESS

Leonidas Amorim
Leonidas Amorimhttps://portalcidadeluz.com.br
Acompanhe nossa coluna no Portal Cidade Luz e fique por dentro.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Posts Recentes

Distribuidora anuncia novo aumento no preço do gás de cozinha

O preço do botijão de gás de cozinha, embalagem de 13kg, vai sofrer um novo reajuste a partir desta...

Mulher é espancada com cabo de vassoura pelo companheiro no município de Porto Alegre do Piauí

A guarnição foi acionada pela própria vítima. Uma mulher identificada pelas iniciais A. E. F. foi brutalmente agredida com golpes...

Piauí deve ter chuvas abaixo da média e calor acima do normal até julho, alerta Semarh

Baixo volume de chuva pode impactar a agricultura, o abastecimento de água e outros setores dependentes das condições climáticas. O...

SUS começa a oferecer novo exame para prevenir câncer de colo de útero

Enquanto o papanicolau identifica células já com alterações no útero, o teste molecular age no início do problema: identifica...
spot_img

Fraude INSS: Congresso derrubou regra para autorização anual de descontos em aposentadorias

Em 2019, medida provisória do governo Bolsonaro previa autorização anual para que associações fizessem descontos em aposentadorias e pensões....

Governo Lula pede retirada de urgência a projeto que amplia isenção do IR para até R$ 5.000

Ação destrava a pauta do Congresso Nacional O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao Congresso Nacional,...
spot_img

Posts Recomendados