Com sucessivos aumentos, teresinenses procuram cada vez mais por opções que não dependem de botijão. Método no dia a dia também traz alguns riscos à saúde.
Com os sucessivos aumentos no gás de cozinha – que hoje já pode ser comprado por cerca R$ 120 – e a crise que vem corroendo o orçamento das famílias mais pobres, o carvão vegetal ganhou espaço nos lares de alguns teresinenses durante a pandemia que optam por opções mais baratas que não dependem do botijão. Há também quem observou a procura pelo produto para conseguir uma renda extra.
A empresária Laís Silva, que tem uma loja de roupas femininas no bairro Santa Bárbara, na Zona Leste de Teresina, também vende carvão vegetal na porta do estabelecimento. Ao Portal O Dia.com, ela contou que procura pelo produto aumentou na pandemia devido aos reajustes no preços do gás.
“Essa é uma realidade. Muitas pessoas vêm na loja para comprar roupas e carvão. Elas estão procurando justamente para fazer comida por causa da alta nos preços. Já ouvi vários relatos de pessoas que não têm condição de cozinhar no gás de cozinha porque está muito caro”, disse.
Laís conta ainda que uma das formas encontradas para manter o cliente é a venda por cartão de crédito. O saco com três quilos de carvão custa R$ 6 e o grande, com cerca de 15 quilos, está saindo por R$ 25.
“A gente dá a opção até mesmo para o cliente pagar no cartão. Mesmo sendo o saquinho menor de R$ 6. Por incrível que pareça, ainda temos clientes que pagam no cartão de crédito por causa da crise”, disse.
O preço cobrado por saco de carvão também acompanhou a escala de aumentos. Há dois anos, o menor era repassado ao cliente por R$ 4 – ou seja, acréscimo de R$ 2, segundo a lojista. Ainda de acordo com ela, o produto pode ser encontrado até por R$ 7.
“A venda de confecção caiu bastante em relação ao ano passado, mas o carvão sai bastante. A gente percebeu essa procura e colocamos para vender e tem dado certo. Antigamente, o menor saco era vendido por R$ 4 e, agora, está saindo por R$ 6. Tem lugares que o cliente encontra sendo vendido por R$ 7”, relata.
A comerciante Jaqueline Soares também teve que repassar o produto um pouco mais caro. “As pessoas têm procurado bastante o carvão. Acredito que seja pela alta dos preços e também para fazer o seu churrasco no final de semana. A gente tem percebido aumento em todos os setores e buscamos formas de reduzir os custos ao máximo”, resume.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que às altas no desemprego e dos altos preços do gás de cozinham fizeram que com muitas famílias brasileiras aderissem ao carvão para cozinhar, um retrocesso em saúde e qualidade de vida.
Além de ser uma importante questão do ponto de vista econômico, o uso desse método no dia a dia também traz alguns riscos à saúde. Fora o fato de aumentar o número de acidentes com queimaduras, a saúde respiratória da população corre risco, doença pulmonar obstrutiva crônica que pode ser uma grave consequência futura.
Por Jorge Machado/portalodia