Pesquisadores descobriram que medidas de emagrecimento são benéficas para pessoas com obesidade e sobrepeso, mas têm efeito contrário em quem não pertence a esses grupos
Um estudo recente, publicado na revista científica PLOS Medicine, descobriu que a perda de peso pode ser benéfica para pessoas com sobrepeso ou obesidade, mas não traz as mesmas vantagens para indivíduos magros. Os efeitos da tentativa de emagrecimento, na realidade, podem aumentar o risco de diabetes tipo 2.
Os cientistas esclarecem que essas estratégias só devem ser usadas por pessoas que precisam perder peso clinicamente.
“Ficamos um pouco surpresos quando vimos pela primeira vez as associações de tentativas de perda de peso com ganho de peso mais rápido e maior risco de diabetes tipo 2 entre indivíduos magros”, diz o especialista Qi Sun, da Harvard School of Public Health, em comunicado.
Os cientistas analisaram os dados de mais de 200 mil pessoas entre 24 e 78 anos de idade. A fim de comparar os métodos de perda de peso, eles também agruparam as diferentes formas de emagrecimento que possibilitaram a diminuição de, no mínimo, 4,5 kg.
No total, os pesquisadores definiram sete categorias: dieta de baixa caloria, exercício, dieta de baixa caloria mais exercício, jejum, programa comercial de perda de peso, pílulas dietéticas e uma combinação de jejum, pílulas comerciais e dietéticas (FCP, na sigla em inglês).
O exercício demonstrou ser o mais eficaz no controle de peso em pessoas com obesidade, e foi o metódo que proporcionou a menor taxa de ganho de peso após quatro anos nesse grupo (4,2%), seguido dos indivíduos com excesso de peso (0,2%) e magros (0,4%).
As pílulas comerciais e dietéticas, por sua vez, não trouxeram os mesmos benefícios. As taxas de perda de peso ficaram apenas em 0,3% em obesos, enquanto pessoas com sobrepeso e magras ganharam 2% e 3,7% de peso, respectivamente.
O risco de diabetes tipo 2 diminuiu, após 24 anos, para pessoas com obesidade, independentemente da estratégia de perda de peso escolhida. Os exercícios tiveram uma redução de 21% e as pílulas dietéticas, de 13%, por exemplo.
Já os indivíduos com sobrepeso apresentaram uma redução de 9% no risco de diabetes tipo 2 com exercícios, mas obtiveram um aumento de 42% na chance de desenvolver a doença com o uso das pílulas.
Em pessoas magras, todas as estratégias de perda de peso foram ligadas a um risco aumentado de diabetes tipo 2 — por exemplo, o aumento foi de 9% nos exercícios e de 54% em pílulas.
Sendo assim, a conclusão dos pesquisadores é que perder peso intencionalmente pode trazer benefícios em longo prazo para a saúde, independentemente da estratégia escolhida. Porém, o mesmo não acontece com pessoas classificadas como magras.
“Agora sabemos que tais observações são apoiadas pela biologia e que, infelizmente, quando indivíduos magros tentam perder peso intencionalmente, isso acarreta resultados adversos à saúde. A boa notícia é que os indivíduos com obesidade se beneficiarão claramente com a perda de alguns quilos, e as vantagens para a saúde duram mesmo quando a perda de peso é temporária”, conclui Sun.
SAÚDE | Do R7