Líder religioso falou sobre o 1º pronunciamento de Bolsonaro depois do resultado das eleições presidenciais.
Com críticas a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), o pastor Silas Malafaia pediu hoje que os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) suspendam os bloqueios de estradas, realizados desde domingo (30) em manifestação contra a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Protestar é um direito. O que resta ao povo brasileiro? Vamos parar, vamos acabar e voltar ao trabalho. É disso que nós precisamos”, disse.
Ao comentar sobre o pronunciamento em que o mandatário sinalizou que autorizou o ministro Ciro Nogueira (Casa Civil) a intermediar o processo de transição de governo, o líder religioso disse que Bolsonaro não mostrou provas sobre suposta fraude no processo eleitoral e reiterou apoio ao chefe do Poder Executivo.
“Não foi apresentado absolutamente nada. A fala de Bolsonaro foi sobre respeito à Constituição, contra depredação ou impedimento de ir e vir, porque isso é coisa da esquerda”, afirmou Malafaia.
Contra o STF, o pastor disse ter vergonha em saber que o presidente eleito teve condenações na Lava Jato anuladas por decisão do ministro Luiz Edson Fachin.
“Lula foi condenado em todas as instâncias por unanimidade e ficou livre pela canetada de um cabo eleitoral que foi pro STF. Tenho vergonha de saber que as gerações futuras vão aprender que o crime compensa”, disse.
Em 2021, Fachin tornou o petista elegível numa decisão em que afirmou que a 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos casos da Lava Jato, não era competente para julgar o caso.
O ministro argumentou que, como os casos eram relacionados ao Petrolão, escândalo de corrupção na Petrobras na década de 2010, eles deveriam ter sido julgados pela Justiça do Distrito Federal.
No plenário do STF, os ministros Edson Fachin, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Rosa Weber, Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Luís Roberto Barroso votaram a favor de anular as condenações de Lula.
Bolsonaro admite derrota a ministros do STF
O ministro Edson Fachin afirmou hoje que Bolsonaro sinalizou que aceita a derrota para o petista. “O presidente da República utilizou o verbo acabar no passado. Ele disse ‘acabou’. Portanto, olhar para frente”, afirmou o magistrado a jornalistas.
A declaração foi dada pelo mandatário durante reunião em que também participaram a presidente do tribunal, Rosa Weber, e os ministros Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Kassio Nunes Marques e André Mendonça, e o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Os magistrados haviam declinado de um convite para se encontrarem com o mandatário no Palácio da Alvorada antes de ele reconhecer a derrota para Lula nas eleições deste ano.
A reunião ocorreu depois de a Suprema Corte afirmar, em nota, que Bolsonaro “reconhece resultado final” das eleições.
“O Supremo Tribunal Federal consigna a importância do pronunciamento do Presidente da República em garantir o direito de ir e vir em relação aos bloqueios e, ao determinar o início da transição, reconhecer o resultado final das eleições”, disse o tribunal.
A ministra Rosa Weber deve se manifestar no mesmo sentido num comunicado separado, a ser emitido nesta terça-feira (1º).
Em nota, o STF reforçou que os ministros reiteraram, durante a reunião, o teor da nota divulgada. “Tratou-se de uma visita institucional, em ambiente cordial e respeitoso, em que foi destacada por todos a importância da paz e da harmonia para o bem do Brasil”, afirmou.
Discurso no Alvorada
No discurso em que reconheceu a derrota para Lula, o mandatário agradeceu hoje aos 58 milhões de votos recebidos e, em seguida, criticou os atos de caminhoneiros que, desde domingo (30), têm bloqueado estradas em todo o país.
“Manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedade, destruição de patrimônio e fechamento do direito de ir e vir”, pontuou.
Segundo o governante, ele continuará cumprirá todos os mandamentos da Constituição Federal.
“Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar a mídia e as redes sociais. Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição”, disse.
Colaboração para o UOL, em Brasília