Justiça da Venezuela anula lei que proibia relações homossexuais no Exército

spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

Órgão afirma que artigo que proibia militares de cometer ‘atos sexuais não naturais’ carece de precisão jurídica

O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela anulou nesta quinta-feira (16) um controverso artigo do Código da Justiça Militar que previa prisão de um a três anos para os integrantes das Forças Armadas que realizassem atos homossexuais.

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, balança a bandeira do movimento gay durante a inauguração de um teleférico em uma favela de Caracas (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

Não se sabe quantos militares foram condenados pelo crime —ao menos um caso foi registrado em 2013. No entanto, segundo relatos de organizações que defendem os direitos LGBTQIA+ no país, o dispositivo era evocado com frequência por oficiais para constranger gays e lésbicas dentro da organização.

A justificativa dada pelo TSJ para julgar o artigo inconstitucional foi de que ele “carecia de suficiente clareza e precisão jurídica” em relação à conduta que pretendia castigar. Em comunicado divulgado em seu site, o órgão esclarece que o texto previa a prisão dos militares “que cometessem ‘atos sexuais não naturais'”, mas não definia o que seriam atos do tipo.

O tribunal ainda afirmou que a norma não é compatível com a Constituição venezuelana ou com diretrizes de organismos internacionais, uma vez que desrespeita os direitos humanos.

Membro uniformizado das Forças Armadas da Venezuela caminha diante de bandeira do arco-íria instalada por integrantes da comunidade LGBTQIA+ em evento em Caracas – Yuri Cortez – 22.fev.22/AFP

A decisão é considerada uma vitória por integrantes da comunidade LGBTQIA+ na Venezuela. A ditadura era um dos poucos países da América Latina que penalizava relações entre pessoas do mesmo sexo, ainda que no âmbito circunscrito das Forças Armadas.

O que significa cada letra da sigla LGBTQIA+?

Levantamento do ILGA (Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexuais) de 2020 indica que relações homossexuais consensuais são criminalizadas em 9 dos 33 países da América Latina e do Caribe que integram a ONU. A grande maiores deles está no Caribe —um resquício do imperialismo britânico na região.

Ainda segundo o ILGA, atos sexuais entre pessoas do mesmo sexo seguem criminalizados em 69 países.

CARACAS | AFP – FOLHA S. PAULO

Leonidas Amorim
Leonidas Amorimhttps://portalcidadeluz.com.br
Acompanhe nossa coluna no Portal Cidade Luz e fique por dentro.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Posts Recentes

“Investir na primeira infância é prioridade”, diz Rafael Fonteles em abertura de capacitação para gestores estaduais

O governador participou da abertura do Curso Executivo em Políticas de Primeira Infância, que visa ao fortalecimento das ações...

Dono de escritório de contabilidade é preso pela PF em Teresina acusado de fraudes previdenciárias

Ao todo, estão sendo cumpridos cinco mandados judiciais: três de prisão temporária e dois de busca e apreensão, todos...

Rafael Fonteles inaugura 44 km de estrada ligando Cabeceiras a Campo Maior

A obra foi executada pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER), com investimento de R$ 5,5 milhões. O governador Rafael...

Projeto de Lei proíbe cirurgias em animais para fins estéticos em Teresina

A multa pelo descumprimento da legislação pode chegar a R$ 500. Tramita na Câmara Municipal de Teresina (CMT) um Projeto...
spot_img

Ministro Flávio Dino estabelece orçamento de emergência para combate a incêndios

Ministro do STF libera créditos fora da meta fiscal até o fim do ano Até o fim do ano, o...

Pablo Marçal faz tomografia, é medicado e passará a noite em hospital

Candidato agredido por José Luiz Datena no debate da TV Cultura está no Sírio Libanês, em São Paulo Após ser...
spot_img

Posts Recomendados