Nave da Nasa detectou de onde vinham ventos “rápidos”, o que pode ajudar cientistas a prever tempestades solares capazes de causar estragos em satélites e na rede elétrica
A sonda foi lançada em 2018, voou perto o suficiente do Sol para detectar a origem do vento solar “rápido” em sua atmosfera. A descoberta foi relatada na última quarta-feira (7) em artigo na revista Nature.
O achado pode ajudar a prever tempestades solares que, embora produzam belas auroras na Terra, também podem causar estragos em satélites e na rede elétrica.
“Os ventos carregam muitas informações do Sol para a Terra, então entender o mecanismo por trás do vento do Sol é importante por razões práticas na Terra”, explica o co-líder do estudo, James Drake, do College Park, em Maryland, nos Estados Unidos, em comunicado. “Isso afetará nossa capacidade de entender como o Sol libera energia e impulsiona as tempestades geomagnéticas, que são uma ameaça às nossas redes de comunicação.”
O que é vento solar
Os ventos solares são fluxos de partículas constituídos, principalmente, de prótons e elétrons, que escapam da atração gravitacional do Sol. A Parker Solar Probe detectou esses fluxos de alta energia correspondendo à fluidez supergranulada de dentro de buracos coronais.
Isso sugeriu que tais buracos são as regiões de onde se originam o chamado vento solar “rápido”, que é visto sobre os polos solares e pode atingir velocidades de até 2,7 milhões de quilômetros por hora.
Nos buracos coronais, as linhas do campo magnético emergem da superfície sem retornar para dentro, formando assim linhas de campo aberto que se expandem para fora e preenchem a maioria do espaço ao redor do Sol.
Geralmente, os buracos estão nos polos nos períodos em que o astro-rei está inativo, então o vento solar “rápido” que eles geram não atinge o nosso planeta. Mas quando o Sol se torna ativo a cada 11 anos à medida que seu campo magnético muda, há buracos coronais em toda a superfície, gerando rajadas de vento solar direcionadas diretamente para a Terra.
Os “funis” do Sol
Conforme os cientistas, os buracos coronais são como chuveiros, com jatos espaçados quase uniformemente emergindo de pontos brilhantes onde as linhas do campo magnético se afunilam para dentro e para fora da superfície solar.
Quando campos magnéticos de direções opostas passam uns pelos outros nesses “funis”, que podem ter quase 29 mil km de diâmetro, os campos frequentemente se quebram e se reconectam, lançando partículas carregadas para fora do Sol.
“A fotosfera é coberta por células de convecção, como em uma panela de água fervente, e o fluxo de convecção em maior escala é chamado de supergranulação”, conta Stuart Bale, que também co-lidera a pesquisa. “Onde essas células de supergranulação se encontram e descem, elas arrastam o campo magnético em seu caminho para esse tipo de funil descendente”.
Para investigar a origem do vento solar “rápido”, a Parker Solar Probe teve que se aproximar de 25 a 30 raios solares, ou seja, mais perto do que cerca de 21 milhões de km. A sonda não será capaz de ficar perto do Sol mais do que cerca de 8,8 raios solares (6,4 milhões de km) sem fritar seus instrumentos.
Bale espera solidificar as conclusões da equipe com dados dessa altitude, embora o Sol esteja agora entrando no máximo solar, quando a atividade se torna muito mais caótica, o que pode atrapalhar a visualização.
Por Redação Galileu –