Mesmo sem ter a certeza que continuará como presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues agiu. Mandou embora Fernando Diniz. E convidou Dorival Junior como novo técnico até a Copa dos Estados Unidos
A demissão de Fernando Diniz resume a falta de rumo da CBF.
Sem o menor constrangimento, o treinador, campeão da Libertadores de 2023, foi despachado do comando da Seleção, nesta tarde de sexta-feira, dia 5 de janeiro.
O motivo foi deixar o lugar vago para Dorival Junior, treinador do São Paulo.
O mesmo Ednaldo Rodrigues que convidou Dorival foi o mesmo que confirmou, no começo de dezembro, que Fernando Diniz seria o treinador da Seleção até junho. E em julho, o italiano Carlo Ancelotti deixaria o Real Madrid e assumiria o Brasil até a Copa dos Estados Unidos.
Ednaldo foi afastado do comando da CBF no dia 7 de dezembro, por sua eleição ter sido considerada ilegal pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
Ancelotti se considerou livre da palavra dada ao dirigente brasileiro e assinou a renovação com o Real Madrid.
Iriam acontecer novas eleições na CBF. O presidente da FPF, Reinaldo Carneiro Bastos, e o ex-presidente do STJD, Flávio Zveiter, eram os candidatos à presidência.
Mas o ministro do Superior Tribunal de Justiça, Gilmar Mendes, recolocou Ednaldo no cargo, ontem. A decisão, no entanto, pode ser anulada no Supremo Tribunal Federal.
Só que antes disso, Ednaldo precisava criar um ‘fato novo’.
E nada melhor do que despachar o treinador que acumulou fracassos na Seleção, Fernando Diniz, e nomear um técnico que tenha aceitação tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro, os dois polos mais fortes politicamente no futebol do país.
E escolheu Dorival Junior.
Ednaldo já procurou o presidente do São Paulo, Julio Casares, e falou da sua intenção.
O presidente da CBF quer Dorival Junior até a Copa de 2026.
Está abortado o plano da busca de um técnico estrangeiro.
Amigos de Dorival Junior garantem quer ele está inseguro em aceitar.
Largar o seu trabalho no São Paulo e depois Ednaldo perder o cargo.
E outro dirigente eleito para a presidência escolher novo técnico.
É uma situação mais do que complexa.
A CBF deu apenas seis partidas para Fernando Diniz.
Ednaldo o despachou sem dó.
Usou a desculpa que não iria atrapalhar o Fluminense.
Mas não terá constrangimento em atingir em cheio o futebol do São Paulo.
Toda a montagem da equipe paulista foi feita de acordo com as preferências de Dorival. As contratações e dispensas.
São R$ 2 milhões a multa que a CBF tem de pagar ao São Paulo para ter Dorival. O equivalente a três meses de salário.
Fernando Diniz recebia R$ 500 mil mensais para comandar a Seleção.
Se amigos de Dorival têm dúvidas, Ednaldo, não.
Para ele, o treinador do São Paulo aceitará assumir o Brasil.
Ao contrário de Diniz, com esquema tático complicado, com jogadores executando várias funções, Dorival Junior é mais simplista.
Se o treinador do Fluminense leva meses para conseguir implementar sua maneira de jogar, o do São Paulo não perde muito tempo, pedindo o básico de cada atleta.
Além disso, Dorival tem personalidade muito mais tranquila do que Diniz.
Filipe Luís, ex-Flamengo, seria o novo coordenador da Seleção.
Está claro que a escolha do técnico foi para agradar São Paulo e do coordenador, o Rio de Janeiro.
Ednaldo quer que o novo técnico assuma o Brasil nos amistosos contra a Inglaterra e Espanha, em março.
A situação é bizarra.
Não há a certeza que Dorival aceitará o convite de Ednaldo.
De real há a demissão de Fernando Diniz.
Com ele, o Brasil venceu Bolívia e Peru, empatou com a Venezuela e perdeu para Uruguai, Colômbia e Argentina.
O ‘dinizismo’ foi um fracasso na Seleção….
COSME RÍMOLI | Do R7