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Litígio Ceará x Piauí: mapa de 1840 achado em Londres virá prova contra o Ceará; entenda o caso

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Estados tentaram conciliação, mas acordo foi rejeitado pelo Piauí; entenda

A disputa territorial entre o Ceará e o Piauí deve ter avanços importantes em 2024 com o resultado da perícia do Exército brasileiro prevista para o fim de junho. O estudo foi determinação da ministra do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, relatora do processo de litígio ajuizado na Corte em 2011.

Naquele ano, o então governador do Piauí, Wilson Martins (PSB), ajuizou Ação Cível Originária (ACO) na qual reivindicava quase 3 mil quilômetros do território cearense. O pedido é para que as localidades — que correspondem a parte do território de 13 cidades cearenses — sejam incorporadas a oito municípios piauienses.

Divulgação

Agora, o impasse será resolvido pelos ministros do Supremo. Contudo, ainda no início do processo, entre os anos de 2012 e 2013, houve uma tentativa de conciliação entre os dois estados, que acabou sendo rejeitada pelo Piauí. 

Diário do Nordeste narra como foram as negociações, que acabaram fracassando em 2013. 

SUSPENSÃO TEMPORÁRIA DO PROCESSO

As tratativas para tentar o acordo envolveram o governo federal, por meio da Advocacia-Geral da União, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além da Procuradoria Geral do Estado tanto do Ceará como do Piauí. 

A proposta de conciliação foi feita, em fevereiro de 2012, pelo governo federal, sob o comando da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). O ministro Dias Toffoli, na época relator do processo, pediu a manifestação do Ceará e do Piauí sobre o assunto. 

Em abril do mesmo ano, após os dois estados concordarem em participar da conciliação, Dias Toffoli suspendeu, temporariamente, o andamento do processo. 

As tratativas foram feitas na Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal (CCAF), vinculada à Advocacia-Geral da União. As reuniões foram iniciadas em setembro de 2012, com quatro reuniões ocorrendo na CCAF e seis nos estados. 

Ainda nos primeiros encontros, ficou definido que o IBGE iria desenvolver um projeto piloto para “identificação, reconhecimento e delimitação da divisa entre os estados do Ceará e Piauí”. Neste estudo inicial, o instituto fez a análise dos limites entre Poranga e Pedro II. 

Poranga é a cidade cearense que pode perder mais território caso o Piauí saia vencedor no litígio. Cerca de 66,3% do território do município está na área em disputa. Neste caso, o maior beneficiado seria o município piauiense Pedro II. 

Litígio Ceará x Piauí: maioria dos moradores é atendida por serviços públicos do CE, aponta estudo

RELATÓRIO TÉCNICO DO IBGE

Os estudos realizados pelo IBGE foram feitos entre os meses de fevereiro e junho de 2013. O projeto piloto cumpriu as seguintes etapas de trabalho:

  • Pesquisa e Análise da documentação histórica disponível;
  • Organização e elaboração da base de dados do Projeto,  com as informações e insumos cartográficos utilizados  para navegação e coleta de dados em tempo real com GPS;
  • Georreferenciamento de pontos notáveis identificadores da divisa existentes na área; e
  • Coleta em campo e inventário de dados sócio-econômicos e político-administrativos.

Em termo de reunião realizada no dia 9 de julho de 2013, assinado pela conciliadora responsável pelas tratativas entre Piauí e Ceará, Patrícia Batista Bertolo, é destacado que o estudo feito pelo IBGE está sendo realizado “em formato definido por todos os representantes”. 

No mesmo documento, ela destaca que a metodologia utilizada pelo órgão é “pioneira” e que há interesse do IBGE “em utilizar essa nova metodologia para os demais litígios de divisas existentes no país”. 

Uma das características do estudo foi a composição das equipes que foram a campo tanto para aplicar questionários à população — nos quais as pessoas eram indagadas sobre a divisa, a subordinação político administrativa do domicílio e a infraestrutura (água, energia, escolas) — como para realizar a localização e georreferenciamento dos marcos usados como para delimitar os limites — como hidrografia e elementos do relevo. 

As equipes eram formadas por dois técnicos do IBGE — cada um pertencente à sede do órgão em um dos estados — e um técnico de órgãos estaduais do Ceará e um do Piauí. 

“As perguntas (entrevistas) eram conduzidas pelos representantes técnicos dos Estados que acompanharam os técnicos do IBGE. Os marcos de pedra das divisas existentes (pedras e cercas, conforme testemunhos dos entrevistados) foram registrados, nas fotos, com a presença de cada representante técnico do Estado”, exemplifica a ata da reunião. 

REJEIÇÃO DO PIAUÍ

O relatório técnico do IBGE foi apresentado em junho de 2013. No documento, o órgão sugere que uma divisa seja definida “em comum acordo entre os Estados”. 

A divisa sugerida é definida a partir da “combinação de uma linha sinuosa da divisão das águas, utilizando-se da altimetria e hidrografia constantes das folhas topográficas, dados dos levantamentos fundiários do IDACE e os marcos de pedra encontrados na região”, explica o texto.

Na sugestão feita pelo relatório técnico, haveria poucas mudanças na atual divisa.  

Confira a figura com a sugestão feita pelo IBGE para a nova divisa entre Poranga e Pedro II:

Mapa IBGE sobre litígio entre Ceará e Piauí

O IBGE aponta ainda que a metodologia usada no estudo se mostrou “eficiente” para a definição de divisas e recomenda que ela seja utilizada para a determinação dos limites no restante do território em litígio entre Ceará e Piauí. 

No dia 20 de junho de 2013, a Procuradoria Geral do Estado do Piauí (PGE-PI) apresentou petição “solicitando o encerramento das tratativas”. Em reunião realizada em julho do mesmo ano, o Piauí reafirmou a intenção de encerrar a tentativa de conciliação. 

Segundo ata de reunião do dia 10 de julho de 2013, o Piauí “aduzindo seu inconformismo com os resultados interpretativos da metodologia aplicada com base na argumentação ali tecida e, requerendo, ao final, o encerramento da conciliação”. 

A conciliadora Patrícia Batista Bertolo informou ainda que ainda que “não recebeu durante as etapas de conciliação manifestação da PGE/PI questionando os trabalhos”.

“Considerada, portanto, a impossibilidade de avançar nos trabalhos, embora de interesse do Estado do Ceará, a Conciliadora declara encerrada as tratativas”, encerra a ata. 

Na ata, não são transcritas as justificativas dadas pelo Piauí ao pedir o encerramento das tratativas de conciliação. O Diário do Nordeste entrou em contato com a Procuradoria Geral do Estado do Piauí para saber mais detalhes, mas a assessoria de imprensa informou que a PGE-PI não está se manifestando sobre o litígio entre Ceará e Piauí.

Leonidas Amorim
Leonidas Amorimhttps://portalcidadeluz.com.br
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