Segundo imprensa estatal russa, forças de Kiev lançaram seis mísseis ATACMS, artefatos produzidos pelos EUA que no domingo (17) Biden autorizou o governo de Zelensky a utilizar. Moscou disse considerar o ato uma intromissão direta de Washington no conflito.
A Ucrânia utilizou pela primeira vez os mísseis ATACMS, os artefatos de longo alcance cedidos pelos Estados Unidos, em um ataque ao território russo, de acordo com a imprensa estatal da Rússia.
Moscou vem alertando há meses que consideraria o uso desses mísseis como uma ingerência direta dos EUA na guerra. A Rússia, maior potência nuclear do mundo, flexibilizou nesta terça seus parâmetros para o uso armas nucleares (leia mais abaixo) e prometeu retaliação.
Em um comunicado divulgado pelos sites russos, o Ministério da Defesa russo afirmou que Kiev lançou seis mísseis ATACMS em direção a Bryansk, região no sudoeste da Rússia e perto da fronteira com a Ucrânia.
Ainda segundo o ministério, cinco mísseis foram interceptados e o sexto, parcialmente destruído. Apenas alguns destroços de um dos artefatos caiu perto de uma área do Exército, causando um incêndio sem danos estruturais.
Também não houve vítimas, completou a pasta.
O governo ucraniano não havia se manifestado sobre o caso até a última atualização desta reportagem, mas é praxe de Kiev não se pronunciar em acusações de ataques em território russo.
Mais cedo, o presidente russo, Vladimir Putin, assinou um decreto flexibilizando o uso de armas nucleares por parte de seu Exército. A medida atualiza a doutrina russa que específica momentos em que seria autorizado o uso de armas nucleares.
Com a atualização, a Rússia agora considerará fazer um ataque nuclear se seu território ou de Belarus, país aliado, enfrentem uma agressão “com o uso de armas convencionais que crie uma ameaça crítica à sua soberania e (ou) à sua integridade territorial”, segundo o texto.
A doutrina anterior, estabelecida em um decreto de 2020, dizia que a Rússia poderia usar armas nucleares no caso de um ataque nuclear por um inimigo ou um ataque convencional que ameaçasse a existência do Estado.
Segundo um Kremlin, foi uma “resposta necessária” diante de novas ameaças do Ocidente.
No domingo (17)O presidente dos EUA, Joe Biden, autorizou a Ucrânia a utilizar mísseis de longo alcance ATACMS, fornecidos pelos americanos, para atacar o território da Rússia, revelou no jornal americano “The New York Times” no domingo (17).
A liberação do uso dos mísseis americanos pela Ucrânia ocorre como reação ao envio de tropas norte-coreanas para lutarem na guerra na Ucrânia ao lado dos russos, segundo o jornal “The New York Times”, e marca uma mudança de posição de Biden sobre o tema, dois meses antes dele deixar a presidência dos EUA.
A Rússia disse que Biden “quis jogar lenha na fogueira” e que uma nova fase de escalada na guerra começará caso os ucranianos de fato usem o ATACMS contra o país. (Leia mais abaixo)
Os mísseis ATACMS
O que são os mísseis ATACMS? A sigla ATACMS significa Army Tactical Missile Systems (em português, Sistemas de Mísseis Táticos do Exército dos EUA). Leia mais sobre o míssil ATACMS aqui.
Os ATACMS são considerados um armamento avançado e permitem ataques com precisão a uma distância de até 300 km.
Por outro lado, a Rússia tem o mais vasto arsenal de mísseis do mundo — segundo o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) —, como o 9k720 Iskander, que se assemelha às capacidades do ATACMS.
Veja a comparação entre os dois mísseis no infográfico abaixo:
Ficha técnica de mísseis ATACMS, dos EUA, e Iskander, da Rússia. — Foto: Bruna Azevedo/equipe de arte g1
Apesar do ATACMS ser considerado um míssil de longo alcance pelo governo dos EUA e pelo fabricante, Lockheed Martin, outros parâmetros, como o da enciclopédia Britannica e do CSIS o considerarem de curto alcance (até 480 km de distância).
De acordo com levantamento do CSIS, a Rússia tem ao menos tipos de 24 mísseis em seu arsenal, que variam entre mísseis de curto alcance, como o Iskander, até mísseis de cruzeiro e intercontinentais (alcance maior que 5.300 km).
Escalada do conflito
De acordo com levantamento do CSIS, a Rússia tem ao menos tipos de 24 mísseis em seu arsenal, que variam entre mísseis de curto alcance, como o Iskander, até mísseis de cruzeiro e intercontinentais (alcance maior que 5.300 km).
Por g1