Grupo de 30 trabalhadores piauienses são resgatados em condições análogas à escravidão na Bahia

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Trabalhadores atuavam na extração de carnaúba e sisal em condições precárias; operação flagrou superlotação, falta de banheiros e alimentação ao relento.

Um grupo de 30 trabalhadores naturais do Piauí foram resgatados em condições análogas à de escravidão na zona rural do município de Gentio do Ouro, na Bahia. A ação foi realizada pelo Grupo Móvel de Combate ao Trabalho Escravo, formado por representantes do Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério Público Federal e Defensoria Pública da União.

Divulgação/MPT-PI

Ao todo, 57 trabalhadores foram resgatados durante a operação nos municípios de Gentio do Ouro e Várzea Nova. Dentre eles, 30 são piauienses que atuavam na extração de carnaúba, 12 são cearenses e outros 15 estavam empregados na atividade do sisal.

Segundo o procurador do Trabalho Edno Moura, coordenador regional de combate ao trabalho escravo do MPT no Piauí, este é o primeiro resgate de piauienses na atividade da carnaúba em 2025. Ele alertou para o fato de que, apesar dos avanços no estado, outros estados estão sendo usados como “rota de fuga” por empregadores que aliciam trabalhadores para fora do Piauí.

“Fizemos um trabalho importante de sensibilização e responsabilização da cadeia produtiva da carnaúba para evitar esses casos. E foi um trabalho exitoso e que surtiu efeitos. Não tivemos resgates nos últimos anos aqui no Piauí. No entanto, outros estados estão servindo como rota de fuga, já que temos casos de trabalhadores piauienses sendo aliciados e traficados para trabalhar em situações degradantes em outros estados e isso que precisamos reforçar também”, completou.

Durante a operação, foram identificadas diversas irregularidades. Os trabalhadores viviam em alojamentos precários, sem banheiros, com superlotação e sem qualquer estrutura sanitária nas frentes de serviço. A alimentação era feita ao relento, muitas vezes sentados em pedras ou tocos de madeira. A comida era preparada de forma improvisada, também ao ar livre.

“É uma situação de degradância prevista no Código Penal, que configura redução de trabalhadores à condição análoga à de escravo”, explicou Edno Moura.

Apesar da identificação do empregador responsável pelos 30 trabalhadores piauienses, eles ainda não receberam suas verbas rescisórias nem indenizações por danos morais. O empregador, também piauiense, se recusou a arcar com os pagamentos, o que levará o MPT a ingressar com ações judiciais para garantir os direitos dos trabalhadores. O caso também pode ter desdobramentos na esfera penal.

Denúncias de trabalho escravo podem ser feitas de forma sigilosa ou anônima presencialmente nas unidades do MPT no Piauí, ou ainda pelo site www.prt22.mpt.mp.br e pelo WhatsApp (86) 99544-7488.

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