Por Gleison Fernandes – Jornalismo da UCA.
A entrevista de José Dirceu ao O Estado de S. Paulo provocou um terremoto político. Ao apontar o governador do Piauí, Rafael Fonteles, como possível sucessor de Lula no comando nacional do PT e até como nome para a disputa presidencial depois de 2030, Dirceu colocou Fonteles bem no centro de um debate que o partido tenta evitar: o fantasma do Mensalão.

Dirceu, condenado e preso em um dos maiores escândalos de corrupção da história política do país, carrega um peso que nenhum governante quer por perto. Quando ele aponta alguém como “herdeiro político”, a repercussão raramente é positiva. E não foi diferente desta vez.

Em Brasília, a leitura é quase unânime. Ao invés de impulsionar Rafael Fonteles, a fala traz um tipo de associação considerada tóxica. Dirceu não é uma bênção. É um lembrete incômodo de um passado que o PT tenta superar há anos e que o eleitor brasileiro não esqueceu. Colocar Fonteles nesse rol é expor o governador a um desgaste que não precisa, não quer e não pediu para ter.
Rafael Fonteles trabalha para construir uma imagem nacional baseada em gestão, tecnologia, modernização e resultados. De repente, vê seu nome sendo puxado para um cenário que envolve passado, crise ética e feridas políticas ainda abertas. Analistas apontam que a fala de Dirceu soa quase como um tiro no pé: em vez de levantar o governador, o empurra para um terreno minado que pode comprometer a narrativa de renovação que o PT tenta projetar.
Há quem avalie que a fala de Dirceu é politicamente explosiva. Não fortalece ninguém. Ao contrário, arrasta o governador do Piauí para um tipo de apadrinhamento que desgasta mais do que ajuda.







