O governo brasileiro deverá dar seu voto à proposta dos EUA de elevar a pressão diplomática sobre a Rússia.
O Conselho de Segurança da ONU voltará a se reunir em caráter de emergência para avaliar o pedido da Casa Branca para que a crise ucraniana seja enviada para a Assembleia Geral das Nações, que se reuniria em sessão extraordinária nos próximos dias.
Fontes no Itamaraty informaram que a posição brasileira está em análise, mas que caminha para um voto de apoio ao projeto do governo de Joe Biden. O encontro está sendo planejado para ocorrer ainda neste domingo, em Nova Iorque.
Desde 1950, uma convocação de emergência da Assembleia Geral por parte do Conselho de Segurança ocorreu em apenas dez ocasiões. O gesto, no fundo, significa retirar do poder apenas das potências nucleares o direito de decidir sobre uma questão de segurança internacional. Nos círculos diplomáticos, a manobra é o equivalente a convocar a comunidade global inteira para decidir sobre como reagir diante da ameaça anunciada pela Rússia.

Para que essa reunião extraordinária ocorra, basta um voto procedimental no Conselho de Segurança e o apoio de nove dos 15 países do órgão. Nenhum dos membros permanentes da instituição, portanto, teria o direito de vetar a resolução. Na sexta-feira, o governo de Vladimir Putin exerceu seu direito ao veto e impediu a aprovação de uma resolução no Conselho de Segurança que condenava a invasão sobre a Ucrânia e pedia a retirada imediata das tropas russas.
O documento recebeu o apoio de 11 dos 15 países do Conselho, entre eles o voto do Brasil. O Itamaraty, com a decisão, tentou encerrar um debate interno sobre a postura que adotaria diante da guerra. Nos primeiros dias do conflito, o presidente Jair Bolsonaro evitou falar da crise e, mesmo depois do voto do Brasil, evitou citar o nome do presidente russo. Há uma semana, numa das viagens mais polêmicas da diplomacia presidencial brasileira, ele visitou Putin. Neste domingo, fontes do Itamaraty indicaram à coluna que o Brasil deve voltar a dar seu apoio ao projeto que, se for aprovado, aumentará a pressão sobre Putin.
Constrangido por ter tentando uma aproximação a Putin no pior momento e optando por viajar para a praia durante o Carnaval, Bolsonaro se transformou em apenas um espectador na pior crise da segurança internacional em anos. Mas, entre os diplomatas, os contados constantes com o Itamaraty são mantidos. A chancelaria vem insistindo nos bastidores que os projetos de resolução que tratem da Rússia precisam garantir espaço para que os canais de negociação possam ainda existir. Na visão do Itamaraty, não existe solução para a atual crise que não seja por meio de um processo negociador.
Mas, entre os diplomatas, os contados constantes com o Itamaraty são mantidos. A chancelaria vem insistindo nos bastidores que os projetos de resolução que tratem da Rússia precisam garantir espaço para que os canais de negociação possam ainda existir. Na visão do Itamaraty, não existe solução para a atual crise que não seja por meio de um processo negociador. O governo brasileiro também insiste que é na ONU que o debate sobre a Rússia deve ser conduzido e que, portanto, iniciativas de declarações na OEA ou no Mercosul – como ocorreram no final da semana passada – não fariam sentido. O Brasil evitou assinar as declarações em ambos órgãos regionais.
As informações são da Uol