O ritmo do desmatamento dessa vegetação é semelhante ao das áreas florestais, conclui MapBiomas.
Um estudo realizado pela MapBiomas mostrou que, nos últimos 38 anos, o Brasil perdeu 16% de sua vegetação não florestal nativa, o número representa 9,6 milhões de hectares de cobertura vegetal herbácea e arbustiva. Os dados englobam plantas de porte pequeno e sem estrutura lenhosa – gramíneas e ervas -, ou com tronco lenhoso fino – arbustos.
No total, esse tipo de vegetação ocupa 64% do território brasileiro, segundo mapeamento do MapBiomas de 2022, cuja maior parte corresponde às florestas (58%) e uma fração menor do território é ocupada pela vegetação não florestal (6%).
A climatologista Sara Cardoso explica que desmatamentos como esse “não influenciam somente os climas do Brasil, mas influenciam os climas de uma maneira e uma escala diferenciada”.
Segundo sua avaliação, a cobertura vegetal desempenha papéis essenciais para o controle dos “gases de efeito estufa, da regulação térmica”; além da manutenção da “oxigenação do solo” e o “sombreamento”.
“A vegetação, as florestas são de extrema importância, primeiro, para o controle dos gases do efeito estufa, tendo em vista que eles consomem o CO2, segundo, como regulador térmico e terceiro, como um fator que auxilia na oxigenação do solo, no resgate dessa umidade para o solo, no sombreamento, a regula a temperatura, ameniza a temperatura”, diz.
Para a MapBiomas, embora minoritária e pouco valorizada, a vegetação não florestal é muito importante pela grande diversidade de espécies de plantas e animais que abriga e pelos serviços ecossistêmicos prestados.
Esse tipo de vegetação está em todos os biomas brasileiros em diferentes formas, como formações campestres, campos alagados e áreas pantanosas e afloramentos rochosos. Essa cobertura vegetal ocupa 50,6 milhões de hectares.
Conclusão do MapBiomas aponta que o ritmo do desmatamento dessa vegetação é semelhante ao das áreas florestais no país, considerando o mesmo período, ou seja, ela está sendo rapidamente destruída.
“Nos últimos 38 anos, o Brasil perdeu 16% de sua vegetação natural não florestal, proporção semelhante à da perda de cobertura florestal [nativa], de 15%”, disse Júlia Shimbo, coordenadora científica do MapBiomas, em nota.
“Em termos absolutos, o Cerrado lidera o desmatamento de vegetação herbácea e arbustiva, com 2,9 milhões de hectares suprimidos. Já o Pampa, um bioma bem menor, teve um desmatamento bem próximo em números absolutos: foram 2,85 milhões de hectares entre 1985 e 2022. Mas em termos proporcionais, isso representou a impressionante cifra de 30% de perda da vegetação em relação ao que havia em 1985”, destacou.
Os diferentes tipos de cobertura vegetal não florestal, que cobrem os 6% do território brasileiro, são a vegetação predominante no Pantanal e no Pampa. As formações campestres e os campos alagados e áreas pantanosas são os tipos de vegetação herbácea e arbustiva mais abundantes no Brasil, respondendo por 95% do total.
Ainda de acordo com Sara, “quando a gente observa a perda de vegetação significativa na região da Amazônia, na região do Cerrado, nós observamos, em contrapartida, um aumento, uma tendência a um aumento das temperaturas, na baixa das umidades, além disso, impacta diretamente os nossos recursos indígenas”.