Fica entre os municípios de São José do Piauí, Bocaina, São João da Canabrava e Sussuapara, na mesorregião Sudeste Piauiense e microrregião de Picos.
As formações rochosas cônicas que têm a aparência de castelos de pedras, que passou a ser chamada de Capadócia Nordestina pela aparência com as formações rochosas da região da Turquia, e que fica entre os municípios piauienses de São José do Piauí, Bocaina, São João da Canabrava e Sussuapara, na mesorregião Sudeste Piauiense e microrregião de Picos (309 km de Teresina), estão sendo objetos de várias pesquisas de professores e estudantes de Mestrado e Doutorado da Universidade Federal do Piauí (Ufpi), Universidade Estadual do Piauí (Uespi) e Universidade Aberta do Piauí (Uapi).
Professora da Universidade Aberta do Piauí, licenciada em Geografia, especialista em Gestão Ambiental e mestranda em Geografia na Universidade Federal do Piauí, Glácia Lopes, afirma que as formações rochosas passaram a ser chamadas de Capadócia Nordestina recentemente, fazendo referência à beleza dos paredões porque a região da Capadócia tem formações rochosas com paredões em forma de cone muito bonitas.
“As pessoas passaram a relacionar as duas formações rochosas, mas, na região, elas são chamadas de Cidades de Pedras e de Três Irmãos, porque fica na propriedade de três irmãos”, afirmou Glácia Lopes.
Ela afirma que a maior parte dos paredões fica em São José do Piauí (296 km de Teresina), Bocaina e São João da Canabrava.
Glácia Lopes afirma que a flora e a fauna da Capadócia Nordestina são típicas da área de caatinga, do clima semiárido.
“É uma caatinga arbustiva. Nós temos poucos extratos arbóreos e o restante é caatinga arbustiva bastante espaçada com os animais típicos dessa formação”, afirmou Glácia Lopes.
No meio da caatinga surgem belas flores, flores em forma de espigas. O aparecimento das flores depende da época do ano.
“Você só pode dizer que conhece a caatinga depois de passar pelo menos um ano na região. A caatinga é realmente impressionante. A cada dia do ano, ela te mostra uma cara diferente”, afirmou Glácia Lopes.
Bromélias aparecem em toda a extensão da Capadócia Nordestina e também impressionam as verdadeiras camadas e jardins verdes que crescem pela extensão vertical dos paredões.
Glácia Lopes afirma que a Capadócia Nordestina era uma área de mar raso, de plataforma continental, o que é provado pelos tipos de sedimentos e pelos vestígios deixados nas rochas, especialmente pela presença de fósseis.
Estudos descobrem vestígios de vida marítima.
O paleontólogo Paulo Vitor, do Campus de Picos da Universidade Federal do Piauí, tem desenvolvido pesquisas na região e encontrou fósseis de alguns moluscos e de outros invertebrados, que indicam vida marítima.
As rochas têm alturas diferenciadas, mas existem paredões de 5 metros de altura e outros têm 40 metros a 50 metros de altura.
Os formatos das rochas são de pináculos, que são formas que parecem torres, cones. Tem uma área em que a formação rochosa é chamada de Pedra do Castelo, porque parece um castelo em ruínas. (E.R.)
Ventos esculpem rochas
A geógrafa Glácia Lopes afirma que a área da Capadócia Nordestina tem aproximadamente 300 milhões de anos. Ela afirmou que as torres e paredões têm deposição sedimentar que, com o tempo, foi esculpido pelo trabalho erosivo e, principalmente, dos ventos.
“Ali nós temos erosões diferenciadas provocadas pelos ventos. As partes mais frágeis vão sendo erodidas e as mais resistentes vão ficando”, afirmou Glácia Lopes.
Os desgastes começam mais pelas bordas. Entre os paredões existem trilhas por onde passaram os animais, em formatos de corredores ecológicos. (E.R.)
Pesquisador vê a Capadócia Nordestina com potencial turístico e didático.
Em sua dissertação de Mestrado, apresentada no Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Piauí (Ufpi), “Geodiversidade e Patrimônio Geológico / Geomorfológico das Cidades de Pedras Piauí: Potencial Turístico e Didático”, pesquisador e geógrafo José Francisco de Araújo Silva aponta que a Capadócia Nordestina, que ele chama de Cidades de Pedras, tem um forte potencial turístico e didático, porque serve para explicar os processos geomorfológicos e de grande utilidade nas aulas de Geografia e Geologia.
“Nas últimas décadas, vê-se um crescente número de publicações acerca de temas voltados ao estudo da vertente abiótica da natureza, tais como geodiversidade, patrimônio geomorfológico, dentre outros. Trata-se de uma tentativa de preencher a lacuna relacionada a esses temas, em relação ao espaço que a natureza biótica já apresentava nas geociências. Especialmente nos últimos 20 anos, tais temáticas ganharam destaque no meio científico internacional, o qual cresce contínua e significativamente”, afirma o geógrafo José Francisco de Araújo Silva.
Segundo ele, no Brasil, entretanto, mesmo possuindo enorme geodiversidade, ainda há carência de estudos sobre tais áreas, apesar do crescente número de eventos e publicações relacionados ao assunto, tendo em vista a grandeza do território e a riqueza presente neste, ainda desconhecida.
De acordo com pesquisador e geógrafo José Francisco de Araújo Silva, é sobre uma dessas diversas áreas do território nacional, cuja natureza abiótica ainda é carente de estudos, que trata a sua pesquisa, uma vez que realiza o levantamento da geodiversidade e a avaliação do patrimônio geológico/geomorfológico das Cidades de Pedras, localizadas em área de litígio entre os municípios piauienses de São José do Piauí, Bocaina, São João da Canabrava e Sussuapara, na mesorregião Sudeste Piauiense, microrregião de Picos.
“Diante disso, nossa pesquisa se propôs a realizar um levantamento da geodiversidade e do patrimônio geológico/geomorfológico da área supracitada, procedendo-se a avaliação destes, como suporte a iniciativas de geoconservação e geoturismo, para com tal embasamento sugerir a utilização da mesma, como local potenciador de atividades ligadas à educação ambiental e geoturísticas”, falou o pesquisador e geógrafo José Francisco de Araújo Silva.
Ele explica que o foco da pesquisa foram os valores turístico e didático, pelo intuito de unir o valor geoturístico do local à educação ambiental, possibilitando o desenvolvimento sustentável da área.
O pesquisador e geógrafo José Francisco de Araújo Silva falou que é preciso utilizar estratégias de divulgação e valorização das Capadócia Nordestina para evidenciar a geodiversidade do local analisado e constatar seu alto potencial geológico/geomorfológico para uso didático e geoturístico, haja vista os resultados apresentados na quantificação.
“Pesquisas têm mostrado que a maioria, seis, dos quatorze geomorfossítios estudados é de médio potencial turístico e didático, seguidos por quatro com alto e mais quatro com baixo potencial.
“Além disso, todos os geomorfossítios pesquisados possuem relevância nacional no valor educativo e oito no valor turístico. Quanto ao Risco de Degradação, na maioria, dez, dos geomorfossítios, é de médio risco, três é de baixo e apenas um geomorfossítio, O Afloramento de Diabásio possui alto Risco de Degradação. Pôde-se também constatar o potencial maior da primeira Cidade de Pedras, quando comparados os resultados apresentados pelos geomorfossítios separados por Cidades, na análise conjunta do valor turístico e didático, e do Potencial Uso Educativo, Potencial Uso Turístico e Risco de Degradação, conforme metodologia da CPRM (Serviço Geológico Brasileiro)”, informa pesquisador e geógrafo José Francisco de Araújo Silva. (E.R.).
Com informações do Meio Norte