Cláudia Codeço, coordenadora do InfoDengue da Fiocruz, diz que avanço pode ter sido efeito da redução de ações preventivas durante a pandemia de Covid-19 e também do período chuvoso neste início de 2022.
O número de casos de dengue no Brasil cresceu 43,9% nos primeiros meses do ano, segundo dados do Ministério da Saúde divulgados nessa segunda-feira (21). Entre 2 de janeiro e 12 de março de 2022, foram 161.605 notificações de prováveis infectados, com uma incidência de 75,8 por 100 mil habitantes.
A coordenadora do InfoDengue da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Cláudia Codeço, avalia que o cenário é de atenção. “No ano passado, a gente estava em baixa atividade da dengue, então o aumento em si não seria tanto. Mas se a gente compara o histórico de várias temporadas de dengue, a gente vê que se aproxima dos altos índices de 2016 e 2020”, afirmou.
Segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, a região Centro-Oeste apresentou a maior taxa de incidência, com 204,2 casos por 100 mil habitantes, seguida da Norte (97,4 casos/100 mil habitantes), Sul (49 casos/100 mil habitantes), Sudeste (47,9 casos/100 mil habitantes) e Nordeste (31 casos/100 mil habitantes).
Já entre os municípios, Goiânia (GO) lidera o ranking, tendo Brasília (DF) em segundo lugar, Palmas (TO) em terceiro e São José do Rio Preto (SP) em quarto.
Cláudia Codeço aponta que a doença avança por novos territórios. “A dengue vem surgindo e se espalhando em locais que não tinham antes, principalmente municípios de menor população na região Sul do País, no Paraná e oeste de Santa Catarina”, apontou.
A coordenadora do InfoDengue avalia que o aumento de casos pode ter sido provocado pelo efeito da pandemia de Covid-19 nas ações de controle do mosquito Aedes aegypti, agente transmissor da doença, ou ainda pelo período chuvoso registrado neste início de 2022.
Diante desse cenário, Cláudia Codeço defende que a reação deve vir do poder público e dos cidadãos. “É muito importante, do ponto de vista do poder público, fortalecer os serviços de vigilância e endemia. Muitas dessas equipes estão precarizadas, cansadas, especialmente em lugares menores com uma grande quantidade de ações. É fundamental que elas consigam fazer visitas domiciliares, algo dificultado pela pandemia”, pontuou.
Já a população precisa relembrar o cuidado básico de esvaziar pontos de água parada, como vasos de plantas, caixas d’água e piscinas.
Até o dia 12 de março, o país registrou 154 casos graves de dengue e 1.504 com sinais de alarme – sintomas como dor abdominal intensa, vômitos persistentes e sangramentos na gengiva, que indicam quadro grave.
Chikungunya e Zika
O mosquito Aedes aegypti também causa a Zika e a chikungunya. No caso da Zika, houve um aumento de 11,5% no número de casos entre 2 de janeiro e 26 de fevereiro deste ano em relação ao mesmo período de 2021, com incidência de 0,4 caso por 100 mil habitantes.
Já a chikungunya registra uma queda de 10,4% entre 2 de janeiro e 12 de março de 2022, no comparativo com o mesmo período do ano passado.
As três doenças que têm o Aedes aegypti como transmissor possuem sintomas similares, como febre, dor de cabeça, dor nas articulações e manchas vermelhas pelo corpo. A coordenadora do InfoDengue da Fiocruz, Cláudia Codeço, destaca que é preciso atenção aos sinais para um diagnóstico.
“Essas doenças se confundem muito nos quadros iniciais, são quadros febris, sintomas genéricos. O importante é estar atento ao que está circulando em volta, para saber se é dengue, chikungunya, e ficar atento a qualquer sinal de febre alta, aumento súbito, essa pessoa deve procurar o atendimento de saúde”, alertou.
CNN Brasil