Candidato a um 3º mandato, o petista reuniu-se com antigos adversários e prometeu que irá recuperar políticas públicas
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reuniu-se nesta 2ª feira (19.set.2022) com 8 ex-candidatos à Presidência da República, dentre aliados e antigos adversários. Todos declararam apoio ao petista, que tenta um 3º mandato nas eleições deste ano.
De acordo com Lula, a reunião, realizada em São Paulo, simbolizou “a vontade que as pessoas que têm de recuperar a democracia” e “a reconstrução do Brasil”.
“O que vocês estão fazendo hoje é assumir um compromisso. E não é compromisso com Lula. O que estão fazendo é assumindo compromisso de que esse país vai voltar a viver democraticamente”, disse.
Participaram:
- Guilherme Boulos (Psol)
- Luciana Genro (Psol)
- Cristovam Buarque (Cidadania)
- Marina Silva (Rede)
- Geraldo Alckmin (PSB)
- Fernando Haddad (PT)
- Henrique Meirelles (União Brasil)
- João Goulart Filho (PCdoB)
Alckmin disputou a Presidência contra Lula em 2006 e contra Haddad em 2018, as duas vezes pelo PSDB. No início do ano migrou para o PSB e é hoje o vice na chapa do petista. A aliança entre os 2 é considerada a principal movimentação política das eleições deste ano.
O ex-senador Cristovam Buarque também enfrentou Lula em 2006, quando disputou o cargo pelo PDT, logo depois de ter sido ministro da Educação do governo Lula. A passagem dele pelo MEC terminou em 2004, quando foi demitido por telefone. Ele foi. Seu atual partido, o Cidadania, em federação com PSDB, apoia a candidatura de Simone Tebet (MDB) à Presidência neste ano.
Meirelles, Marina, Luciana, Boulos e João Goulart não enfrentaram o petista nas urnas, mas já tiveram divergências com ele.
Haddad e Meirelles tentaram chegar ao Palácio do Planalto em 2018. O ex-prefeito de São Paulo acabou substituindo Lula na disputa presidencial depois que o ex-presidente foi impedido pela Justiça eleitoral de ser candidato. Ele estava preso em Curitiba (PR) na época. Hoje Haddad é candidato ao governo de São Paulo pelo PT.
Já Meirelles, que foi presidente do Banco Central nos 8 anos de governo Lula, disputou a eleição daquele ano pelo MDB. Acabou tendo um desempenho fraco, ficando em 7º lugar, com 1,2% dos votos válidos.
Marina Silva disputou a Presidência por 3 vezes: em 2010 pelo PV, em 2014 pelo PSB e em 2018 pela Rede. Em 2014, ela assumiu a cabeça de chapa depois da morte de Eduardo Campos (PSB), de quem era vice, durante a campanha. No 2º turno daquele pleito, declarou apoio a Aécio Neves (PSDB) adversário de Dilma Rousseff (PT).
Uma das fundadoras do Psol, Luciana Genro disputou a eleição presidencial de 2014, também contra Dilma. Desde que deixou o PT em 2003, era crítica ao partido.
Boulos, por sua vez, tentou chegar ao Palácio do Planalto em 2018. Embora tenha disputado contra Haddad, declarou apoio a ele no 2º turno e, atualmente, é um dos principais interlocutores da campanha lulista deste ano.
João Goulart Filho também foi candidato em 2018, mas acabou em último lugar, com 0,03% dos votos válidos. Ele é filho do ex-presidente João Goulart, conhecido como Jango, que foi deposto do cargo pelo golpe militar em 1964.
“O objetivo desta mesa era mostrar a união dos diferentes, para derrotar os antagônicos”, resumiu o ex-ministro Aloízio Mercadante, coordenador do programa de governo de Lula, durante o encontro. A frase tem sido um dos motes de Alckmin para explicar o motivo de ter se aproximado de Lula a ponto de ser seu candidato à vice.
Mercadante também explicou que a ex-presidente Dilma Rousseff não foi convidada porque ela sucedeu a Lula. “Dilma jamais disputou com Lula, ela foi a sucessora do Lula. Então não fazia sentido”, disse.
DEFESA DA DEMOCRACIA
Em seu discurso, Lula afirmou que a reunião simbolizou “a vontade que as pessoas têm de recuperar a democracia” e “a reconstrução do Brasil”.
“O que vocês estão fazendo hoje é assumir um compromisso. E não é compromisso com Lula. O que estão fazendo é assumindo compromisso de que esse país vai voltar a viver democraticamente”, disse.
O petista também repetiu que deseja vencer as eleições no 1º turno, em 2 de outubro. “Até agora eu só ganhei eleição em 2º turno, mas não é porque eu gosto. Eu, outra vez, estou trabalhando para ganhar no 1º turno. Cada gesto meu é na perspectiva de mostrar para a sociedade que eu quero ganhar no 1º turno”, disse.
Lula disse que a eleição deste ano é “atípica” porque todos os outros candidatos estão “em uma briga mais forte” contra ele do que contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição.
O ex-presidente também prometeu que irá recuperar políticas públicas para o meio ambiente, para os povos originários, para a educação e para a cultura. Ele voltou a defender que a criação de novos ministérios não representará necessariamente mais gastos para a União.
“Tem um conjunto de ministérios, como dos Direitos Humanos, das Mulheres, da Igualdade Racial, que gastam muito pouco e têm resultado político extraordinário na organização da sociedade”, disse.
Para o petista, a crítica a um alto número de pastas se dava por quem queria que se criasse uma “regulação paralela aos ministérios, que eram as agências”. Para ele, elas poderiam custar até mais.
“As agências foram criadas, e eu participei um pouco disso no final, para que o empresariado tomasse conta do governo. Porque a indicação passa pelo Senado e todo mundo que já indicou sabe o quanto é difícil passar no Senado se não tiver interesses que não é (sic) o nosso”, disse.
Poder360