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Desmatamento na Amazônia tem aumento de 21,97% em 2021; ONGs apontam escândalo e omissão

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Taxa divulgada pelo governo federal é a maior em 15 anos, mas governo prometeu zerar o desmatamento ilegal até 2028.

O documento divulgado nesta quinta-feira (18) que aponta uma alta de 22% no desmatamento da Amazônia entre 2020 e 2021 tem a data de 27 de outubro de 2021, dias antes do início da 26º Conferência do Clima da ONU, a COP26.

Entidades e ambientalistas alegam que jornalistas e outros participantes da conferência chegaram a pedir o número durante o evento, mas sem resposta do governo federal. O Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial (SindCT) disse que “eram números muito aguardados”.

Foto: Chico Batata

“Mas, neste evento em Glasgow, os números do Brasil não apareceram. Jornalistas especializados buscaram informações com membros do Governo Brasileiro e foram informados que o PRODES ainda não tinha concluído o seu relatório anual. Pura mentira!”, apontou o SindCT em nota.

Após a divulgação do Prodes, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, disse que só teve “contato com o dado hoje”.

Documento que apresenta os dados do Prodes tem data de 27 de outubro, ou seja, ficou pronto ainda antes da abertura da COP 26 — Foto: Reprodução
  • Desmatamento na Amazônia passa de 13 mil km² entre agosto de 2020 e julho de 2021, apontam dados do Prodes

“O papel do Brasil foi buscar um consenso [na COP26]. Temos que fazer que o mundo mude a forma de desenvolvimento econômico. E durante essa conferência esse não foi o tema mais relevante. O foco da reunião é fazer uma transição justa pra uma economia baseada em energia renovável”, afirmou o ministro.

Mais críticas

João Paulo Capobianco, membro da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, e ex-coordenador do Plano de Prevenção e Controle ao Desmatamento da Amazônia (2003-2008), aponta que a omissão dos dados de desmatamento durante a COP26 é um “escândalo”:

Há um duplo escândalo que deve ser considerado. O primeiro é o fato de que a nota divulgada pelo Inpe é do dia 27 de outubro, ou seja, anterior à Conferência do Clima. Trata-se da primeira vez em que o Prodes não foi divulgado antes ou durante a COP”, afirma Capobianco.

“O governo federal foi a Glasgow já ciente da taxa de desmatamento, mas, ainda assim, não a informou para as Nações Unidas. Preferiu falar sobre outra métrica, o Deter, que apontava uma leve redução no desmate”, completou.

O secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, também reforça as críticas.

“Isso aqui não é número de desmatamento, é prova de um crime. É um governo que tem um plano de destruição. E o plano de destruição deu resultado. E o resultado é a gente ver a floresta sendo exterminada dia a dia diante dos nossos olhos”, disse Astrini.

Em descompasso

A alta na taxa de desmatamento está em desacordo com as promessas apresentadas pela comitiva do Brasil na 26ª Conferência do Clima em Glasgow, a COP26, na Escócia.

Já no primeiro dia do evento – que ocorreu entre 1º e 13 de novembro – o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, anunciou que o Brasil deverá zerar o desmatamento ilegal em 2028. A meta anterior estipulava 2030.

  • Redução de 15% ao ano até 2024;
  • Redução de 40% ao ano em 2025 e em 2026;
  • Redução de 50% em 2027;
  • Zerar o desmatamento ilegal em 2028.

As medidas foram anunciadas para implementação apenas a partir de 2022, o que coincide com os números que o ministério já tinha em mãos: a área desmatada foi de 13.235 km² entre 2020 e 2021, número 22% maior do que os 10.851 km² registrados entre 2019 e 2020.

Já o diretor-executivo da WWF-Brasil, Mauricio Voivodic, explicou que a tendência de aumento na área de desmatamento, se não for revertida, levará a floresta amazônica ao “ponto de não reversão”, dando início a um “processo de degradação acelerado”.

“Se isso acontecer, o Brasil deixará de contar com os serviços ambientais vitais que ela presta, como o armazenamento de carbono e a regulação do regime de chuvas do país”, afirmou Voivodic.

O especialista da WWF disse, ainda, que manter a floresta em pé “é essencial” para que o Brasil consiga atingir a meta do Acordo de Paris, que prevê limitar o aumento da temperatura média do planeta em até 1,5°C até o fim do século.

Por Carolina Dantas, g1

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