Desde o final das prévias psdbistas, Eduardo Leite e João Doria marcavam disputas por aliados.
O ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) divulgou, na tarde desta sexta-feira (22), uma carta apoiando a candidatura do ex-governador de São Paulo, João Doria, para disputar a Presidência da República nas eleições de outubro deste ano. A informação foi veiculada pelo R7.com.
Com essa carta, Leite retira seu nome da corrida eleitoral e dá fim à disputa interna que ocorria no ninho tucano. Desde o final das prévias psdbistas, Eduardo e João Doria marcavam disputas por aliados para fortalecer uma candidatura.
“O PSDB deve ter candidato a presidente e liderar o centro democrático. Hoje este nome é João Doria, por decisão dele e das prévias – das quais nunca se buscou tirar legitimidade. Qualquer caminho diferente dependeria de entendimento com o próprio candidato escolhido. Assim, me coloco ao lado do meu partido e desta candidatura, na expectativa de que a união do PSDB contribua com a aguardada unificação dos atores políticos do centro daqui até a eleição de outubro”, diz trecho da carta.
Os ex-governadores, que renunciaram aos seus cargos, tiveram um encontro na última terça-feira (19) em meio ao clima de acirramento interno e definiram que a briga interna seria apaziguada.
Confira a carta de Eduardo Leite na íntegra
Na última terça-feira, por ideia e iniciativa minha, fui ao encontro do ex-governador João Doria, para dizer a ele o que digo, agora, ao Brasil. Antes de mais nada, quero lembrar que se eu quisesse apenas ser candidato a presidente da República, como uma ideia fixa acima de tudo e de todos, eu teria trocado de partido e isso estaria decidido, não importando as consequências.
Mas não foi o que eu fiz. Quando renunciei ao cargo de governador do Rio Grande do Sul, e permaneci no PSDB, deixei claro que estava fazendo tal movimento porque a lei eleitoral exigia, pois o tempo da lei não é igual ao tempo da política.
Destaquei que não iria tomar um caminho contrário aos esforços de convergência em torno de uma candidatura e que me colocaria com toda a disposição para auxiliar na construção suprapartidária de uma alternativa para o Brasil. O tempo e a energia demandados neste processo eram incompatíveis com as tarefas de governo, e a renúncia me abria todas as possibilidades eleitorais sem me retirar nenhuma.
Tomei a iniciativa e fui ao ex-governador Joao Doria para dizer que não faz sentido querer que partidos superem suas diferenças se, dentro do PSDB, não superarmos as nossas. Disse também que estava disponível para liderar um projeto nacional, se este for o desejo dos partidos do centro democrático, mas se, sobretudo, este for o desejo do PSDB. E que no PSDB, eu e Doria precisamos um do outro para estarmos mais fortes e unidos para enfrentar a campanha mais importante da história recente do país, independentemente do lugar que ele e eu estejamos ocupando no período eleitoral.
Ouvi do ex-governador João Doria que ele não abre mão de ser o candidato do PSDB a presidência da República. Ele tem este direito e esta legitimidade, vencedor das prévias que foi. E ele ouviu de mim que não serei eu, que tanto prezo o diálogo democrático, que criarei entrave de qualquer natureza para tirar dele a vontade e o direito que tem. Repito: eu não renunciei para dividir o meu partido, mas para somar onde mais posso ajudar o meu estado e o meu país.
Pensar no Brasil é pensar no PSDB, porque o PSDB é um partido importante e necessário para o país. O PSDB é a verdadeira essência de um centro democrático que harmoniza a esquerda e a direita, a economia e o social, o desenvolvimento e o combate às desigualdades. E é por isso que o PSDB deve ter candidato a presidente e liderar o centro democrático. Hoje este nome é João Doria, por decisão dele e das prévias – das quais nunca se buscou tirar legitimidade. Qualquer caminho diferente dependeria de entendimento com o próprio candidato escolhido.
Assim, me coloco ao lado do meu partido e desta candidatura, na expectativa de que a união do PSDB contribua com a aguardada unificação dos atores políticos do centro daqui até a eleição de outubro.
Continuarei andando e conversando pelo país para mostrar o que fizemos no Rio Grande do Sul, como um exemplo do que é possível e deve ser feito no Brasil: atacar os problemas e não as pessoas, dialogar com quem pensa diferente, respeitar a diversidade e unir equilíbrio fiscal, desenvolvimento e justiça social.
Este caminho novo, que é o presente no Rio Grande do Sul, deve ser o futuro do Brasil. E meu papel é ajudar a construir que o meu estado não ande para trás e que o meu país ande para frente. Fizemos Um Só Rio Grande. É hora de fazer Um Só Brasil. E para isso, contem comigo para sermos um só PSDB.
Estadão Conteúdo