O autor anglo-indiano Salman Rushdie está passando por uma cirurgia após ter sido esfaqueado no pescoço na manhã desta sexta-feira (12) por um homem não identificado durante um evento em Nova York.
A informação foi confirmada por Andrew Wylie, agente do escritor, em um email ao jornal americano The New York Times. Seu atual estado de saúde ainda não foi confirmado, mas Rushdie foi levado de helicóptero para um hospital local após o ataque, disse a polícia estadual.
O ataque, que abalou o mundo literário, aconteceu por volta das 11h, pouco depois de Rushdie, que tem 75 anos, subir ao palco para uma palestra numa instituição carente, como parte de uma programação artística.
Não é primeira vez que ele, um dos maiores escritores de sua geração, é atacado, numa perseguição que remonta desde 1988, quando publicou “Os Versos Satânicos”, romance de fantasia que foi considerado ofensivo a Maomé e à fé islâmica.
Então, o aiatolá Khomeini defendeu que o escritor fosse assassinado, e a perseguição foi mantida em vigor pelas mais altas autoridades religiosas do país em 2005.
O primeiro atentado contra sua vida foi em 1989, um ano após a publicação do livro, quando um terrorista preparou um livro-bomba, a ser entregue a Rushdie num hotel em Londres. A bomba acabou explodindo antes do planejado, matando o próprio autor do atentado, que foi sepultado como “o primeiro mártir a morrer em uma missão para matar Salman Rushdie”.
A recompensa pela sua cabeça era de US$ 2,5 milhões em 1997, passando para mais de US$ 3,3 milhões em 2012. Em 2016, até meios de comunicação estatais do Irã se reuniram para arrecadar mais US$ 600 mil na recompensa pela cabeça do autor.
Matéria original
O autor anglo-indiano Salman Rushdie foi atacado nesta sexta-feira quando se preparava para dar uma palestra em uma organização beneficente em Nova York, nos Estados Unidos.
Um homem invadiu o palco da Chautauqua Institution, onde ocorria o evento, e esfaqueou o escritor de 75 anos no pescoço, segundo nota da polícia à BBC.
O autor, que recebe ameaças de morte do governo do Irã desde os anos 1980, caiu no chão, foi socorrido e levado ao hospital de helicóptero. O entrevistador que o acompanhava no evento também foi ferido.
Ainda segundo a polícia nova-iorquina, o suspeito de atacar o escritor foi detido e ainda não há detalhes sobre sua identidade ou motivações. Rushdie segue no hospital.
Um dos maiores escritores de sua geração e conhecido por suas posições libertárias, Rushdie é perseguido por autoridades iranianas desde a publicação de “Os Versos Satânicos” em 1988, romance de fantasia considerado ofensivo a Maomé e à fé islâmica.
À época do lançamento do livro, o aiatolá Khomeini defendeu que o escritor fosse assassinado, e a perseguição foi mantida em vigor pelas mais altas autoridades religiosas do Irã.
Desde o episódio envolvendo este que segue como seu livro mais célebre -e que já rendeu um atentado fracassado contra sua vida em 1989-, Rushdie passou a viver sob forte segurança no Reino Unido, onde estudou desde a juventude. Hoje, ele vive nos Estados Unidos.
O autor nascido em Bombaim venceu o Booker, principal prêmio da literatura em língua inglesa, por “Os Filhos da Meia-Noite” em 1981, e tem entre seus outros livros mais famosos “O Último Suspiro do Mouro” e “Oriente, Ocidente”. Ele é publicado no Brasil pela Companhia das Letras.
Em “Joseph Anton”, sua obra autobiográfica publicada há dez anos, ele conta as memórias de seus anos se escondendo da perseguição religiosa com o nome falso que intitula o livro.
Seu projeto literário é marcado pela exploração fantástica das tradições religiosas e culturais de diversas civilizações espalhadas pelo mundo, sempre com um estilo afiado e sem concessões. O incômodo provocado por “Os Versos Satânicos” envolvia o fato de o livro ficcionalizar a vida do profeta Maomé.Durante o lançamento de seu livro mais recente, “Quichotte”, no ano passado, ele deu entrevista a este jornal defendendo a reconstrução de verdades objetivas pelo jornalismo em um mundo cada vez mais conduzido por narrativas e crenças subjetivas.
Com informações do Folhapress