Ele é investigado por participação em suposto esquema de ‘rachadinha’ na Alerj à época em que Flávio era deputado estadual. Também foram cumpridos mandados em imóvel que consta como bem do presidente Jair Bolsonaro. G1 tenta contato com defesa de Queiroz.
Fabrício Queiroz, ex-assessor e ex-motorista do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), foi preso em Atibaia, interior de São Paulo, na manhã desta quinta-feira (18).
O mandado foi expedido pela Justiça do Rio de Janeiro, num desdobramento da investigação que apura esquema de “rachadinha“ na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). No esquema, segundo a investigação, funcionários de Flávio, então deputado estadual, devolviam parte do salário, e o dinheiro era lavado por meio de uma loja de chocolate e investimento em imóveis.
Queiroz estava em um imóvel de Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro, e foi levado para unidade da Polícia Civil no Centro da capital paulista. Ele passou pelo Instituto Médico Legal e foi levado para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Depois, será levado para o Rio.
Em setembro de 2019, entretanto, Wassef disse que não sabia o paradeiro de Queiroz, e que não era advogado dele. Um caseiro do imóvel disse à polícia, entretanto, que o ex-assessor estava lá havia mais de um ano, contou um dos caseiros à polícia.
Em entrevista à Rádio GAÚCHA em 28 de abril, Wassef disse: “Eu estou no dia a dia aqui com o presidente e com a família Bolsonaro. Eu conheço tudo que tramita na família Bolsonaro”.
Segundo um delegado que participou da operação, foi preciso arrombar o portão e a porta da casa onde Queiroz estava. Ele não resistiu e só disse que estava muito doente.
O Ministério Público do Rio de Janeiro informou que pediu a prisão de Queiroz porque o ex-assessor de Flávio Bolsonaro continuava cometendo crimes e estava fugindo e interferindo na coleta de provas. A Justiça autorizou também a prisão da mulher de Queiroz, Márcia Oliveira de Aguiar.
Busca em imóvel do presidente
No Rio, a Polícia Civil também fez buscas no início da manhã em um imóvel que consta na relação de bens do presidente Bolsonaro, em Bento Ribeiro, Zona Norte da capital fluminense, e foi usado por ele como comitê de campanha na eleição de 2018.
A casa é ocupada por Alessandra Esteves Marins, que faz parte da equipe de apoio do senador Flávio Bolsonaro no Rio de Janeiro. Segundo as investigações, Alessandra repassou cerca de R$ 19 mil a Queiroz.
Em Brasília, nesta manhã, o presidente deixou o Palácio da Alvorada, residência oficial, em um comboio em alta velocidade, e não parou para falar com apoiadores, como costuma fazer rotineiramente.
Advogado do presidente
O advogado de Flávio Bolsonaro dono do imóvel de Atibaia onde Queiroz estava ao ser preso, Frederick Wassef, é o mesmo que fez a defesa do presidente no caso da facada que Bolsonaro sofreu de Adélio Bispo em Juiz de Fora (MG), durante a campanha eleitoral para a presidência da República, em 2018. Wassef também atuou na defesa da família Bolsonaro no caso do porteiro.
Wassef participou nesta quarta-feira (17) da cerimônia em que o presidente Jair Bolsonaro deu posse ao novo ministro das Comunicações, Fábio Faria.
Movimentação de R$ 1,2 milhão em 2016 e 2017
Queiroz foi assessor e motorista de Flávio Bolsonaro até outubro de 2018, quando foi exonerado. O procedimento investigatório criminal do Ministério Público Estadual do RJ que apura as irregularidades envolvendo Queiroz na Alerj chegou a ser suspenso por decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, após pedidos de Flávio Bolsonaro em 2019.
As investigações envolvem um relatório do Coaf, que apontou operações bancárias suspeitas de 74 servidores e ex-servidores da Alerj. Recursos usados para pagar funcionários na Alerj voltavam para os próprios deputados estaduais.
A movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz ocorreu, segundo as investigações, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, incluindo depósitos e saques.
Por Bruno Tavares/G1