Ex-comandante do Exército que teria recusado tentativa de golpe disse à PF que o ex-ministro Paulo Sérgio Nogueira insinuava, em reuniões, medidas para questionar eleições
No depoimento de mais de sete horas do general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira foi citado dezenas de vezes, segundo fontes da investigação.
O militar que teria recusado embarcar na suposta tentativa golpista do então presidente Jair Bolsonaro (PL) relatou à Polícia Federal (PF) que, em reuniões, Nogueira insinuava medidas para questionar o resultado das eleições. A intenção era sempre dar um verniz de legalidade, sob a alegação de que os outros poderes se excederam.
“Reunião do golpe”
Na reunião ministerial de julho de 2022, tratada pelos investigadores como “a reunião do golpe dentro do governo”, o então ministro da Defesa confirmou que se reunia com os chefes das Forças Armadas.
“Eu estou realizando reuniões com os comandantes de força quase que semanalmente. para que a gente possa ter transparência, segurança, condições de auditoria e que as eleições transcorram da forma como a gente sonha. E o senhor, com o que a gente vê no dia a dia, tenhamos o êxito de reelegê-lo. Isso é o desejo de todos nós”, disse Nogueira na reunião.
A defesa do ex-ministro disse que se manifestará apenas nos autos do processo.
Freire Gomes deu muitos detalhes durante o depoimento ao responder mais de 200 perguntas. Relatou, inclusive, que a insistência para aderir a medidas que reverteriam o resultado das urnas passava por diferentes versões de documentos. O ex-comandante afirmou que disse não a todas elas.
Lula ataca Bolsonaro
Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ato em São Paulo, no fim de fevereiro, foi uma tentativa de Bolsonaro para evitar a prisão.
“Não sei se vocês repararam que teve um ato no domingo passado. O que era aquele ato? Aquele ato era de um cidadão que sabe que fez caca, que sabe que fez uma burrice, que sabe que tentou dar um golpe, que sabe que vai para a justiça e que sabe que vai ser julgado. Se for julgado, ele pode ser preso, e ele está tentando escapar”, disse o presidente.
Defesa de Bolsonaro
Fabio Wajngarten, um dos advogados do ex-presidente e ex-secretario de Comunicação, afirmou, por meio de uma rede social, que conversou com diversas fontes e que não há nada de concreto contra Bolsonaro nos depoimentos e que a defesa ainda não teve acesso aos conteúdos.
A PF quer concluir o inquérito da tentativa de golpe no primeiro semestre, mas não descarta novos depoimentos.
JORNAL DA BAND