Preço médio do combustível subiu pela segunda semana consecutiva. Sindipostos-PI diz que estabelecimentos têm liberdade para formatar o próprio preço.
O preço da gasolina subiu pela segunda semana consecutiva e atingiu um novo recorde nesta quinta-feira (28) segundo os dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP). No Piauí, o preço médio da gasolina comum é de R$ 8,13 sendo o preço mínimo praticado R$ 7,49 e o preço máximo R$ 8,37. Chama atenção o fato de haver disparidades entre os valores cobrados pelo litro do combustível em Teresina e nas demais cidades do interior piauiense.
Em municípios como Picos, Piripiri e Parnaíba, a gasolina está custando em média R$ 7,68; R$ 7,89 e R$ 7,91 respectivamente. Aqui em Teresina, o mesmo produto está sendo vendido a um valor médio de R$ 8,21. Segundo os consumidores, há estabelecimentos cobrando até R$ 8,30 pelo litro da gasolina na capital enquanto que no interior há cidades cujos postos estão vendendo combustível a R$ 7,50. A diferença entre os valores praticados é de cerca de R$ 0,70.
O que os clientes questionam é o fato da gasolina ser alguns centavos mais cara em Teresina que nas demais cidades piauienses uma vez que a logística de transporte do combustível das revendedoras até os postos é mais dispendiosa no interior que na capital. É o caso do técnico em informática André Mesquita, que trabalha viajando entre cidades do Piauí e Maranhão e costuma abastecer seu veículo em diferentes localidades.
Ele faz um comparativo nos preços que paga pelo combustível que compra: “A gasolina em Teresina está custando em média de R$ 8,17 a R$ 8,29. Em Picos, que fica a 300 Km da capital, está custando R$ 7,75. Em Floriano, a mesma coisa. Quer dizer, você sai de Teresina e paga menos. Em Altos, por exemplo, a gasolina está custando R$ 7,79. Por que está tão cara em Teresina, que é onde fica o terminal de petróleo que distribui o combustível, se no interior, que o transporte é mais caro e demorado, está é mais barato?”, questiona André.
Ele conta que já desistiu de abastecer seu carro nos postos de Teresina justamente por conta dos valores praticados que estão acima do que vem sendo cobrado pelos estabelecimentos de outras cidades próximas. André vê mais vantagem em se deslocar da capital para Timon ou para Demerval Lobão para abastecer do que pagar a mais pelo litro da gasolina em Teresina.
“Eu particularmente só abasteço no interior. Não abasteço em Teresina. Você ir a Altos, Demerval Lobão ou Timon compensa mais que abastecer na capital. Lá no Maranhão, a gasolina está a R$ 6,59 em algumas cidades. Em Pedreiras, está custando R$ 7,00 a R$ 7,05. Lá se justifica porque eles têm um porto e a logística de distribuição é melhor, mas e em Teresina? Se o centro de distribuição da gasolina é aqui, o que é que encarece ela?”, volta a questionar André.
Por mês, André diz que gasta cerca de R$ 7 mil em gasolina para poder ir e vir no trabalho bastecendo em postos do interior. Em Teresina, a gasolina mais barata que ele disse ter encontrado estava na média de R$ 8,00 em posto na zona Leste próximo à UFPI.
Como é calculado o preço da gasolina
Desde 2020 que o Brasil adota o regime de liberdade de preços em todos os segmentos do mercado de combustíveis e derivados de petróleo e isso vale tanto para distribuição quanto para a revenda. Significa dizer que não há qualquer tipo de tabelamento nem fixação de valores máximos e mínimos ou qualquer exigência de autorização oficial prévia para reajustes.
Os preços dos combustíveis ao consumidor final variam como consequência dos preços das refinarias, dos tributos estaduais e federais incidentes ao longo da cadeia de comercialização como PIS/PASEP e Cofins, Cide e ICMS. Vale lembrar que o ICMS, que é um imposto estadual, está congelado para estabilização da carga tributária total do diesel, gasolina e álcool no Brasil.
Também contribuem para a variação no preço nas refinarias os custos operacionais de cada empresa, dos biocombustíveis adicionados ao diesel e à gasolina e as margens de distribuição e de revenda.
No Piauí, o Sindipostos (Sindicato dos Postos de Combustíveis do Piauí) informou que não entra no mérito do preço cobrado por posto por ser esta uma prerrogativa de cada empresário. Eles têm a liberdade de formatar o valor dos produtos em seu estabelecimento de acordo com seus custos operacionais e em função da negociação que cada um faz com as distribuidoras que os atendem.
O coordenador do Sindipostos-PI, Andrade Silveira, explicou que mais de 50% do combustível derivado de petróleo que é consumido no Brasil é importado e em nenhum momento as importadoras/distribuidoras anunciam as alterações feitas nos preços, o que passa a “falsa impressão de que os postos estão aumentando os preços sem uma justificativa plausível”.
“Podemos afirmar que as alterações de preços são feitas com muita frequência pelas distribuidoras e estas alterações não são informadas para o público em geral sendo que estes só sabem do novo preço quando adquirem seus produtos. Lembrando que a gasolina consumida pelos veículos é contemplada com 27% de etanol anidro e este produto, somente este ano, já teve aumento de mais de mais de 11%”, explicou Andrade.
O representante do Sindipostos-PI acrescentou ainda que o atual momento é de entressafra do etanol anidro e que a principal matéria prima desta substância é um commodity e sofre pressão do mercado internacional. “Agrega-se também o frete da entrega do produto ao posto, que também teve aumento”, finaliza Andrade.