Nova edição do boletim foi divulgada neste sábado, após ataque cibernético causar instabilidade nos dados do Ministério da Saúde.
O número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) aumentou 135% entre as três semanas finais de novembro e as últimas três semanas. A informação é do Boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que voltou a ser publicado neste sábado (15), mais de um mês após a edição anterior.
O serviço havia ficado suspenso após um ataque hacker que atingiu as plataformas do Ministério da Saúde, o que afetou o Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), de onde são extraídos os dados.
De acordo com a Fiocruz, o número de casos passou de 5,6 mil no primeiro período para 13 mil no segundo. O estudo destaca que apenas o estado de Roraima apresenta tendência de queda, situação diferente das outras 26 unidades da federação. O Rio de Janeiro está entre as duas situações: apresenta cenário de estabilidade, mas tem indicativos de aumento no curto prazo, o que não ocorre no estado do Norte.
Neste momento, a tendência é de intensificação deste panorama em quase todo o país. A longo prazo, praticamente todos os estados têm probabilidade de mais de 95% na acentuação dos casos.
O balanço apontou avanço significativo da SRAG em todas as faixas etárias a partir dos 10 anos. A análise leva em consideração os cenários a longo prazo, relativo às seis semanas anteriores à divulgação, e a curto prazo, referente às últimas três semanas. Nos dois recortes, o quadro de evolução de casos se manteve. Segundo a análise, os dados laboratoriais revelam que a intensificação foi motivada pela crescente nos diagnósticos positivos de Covid-19.
Pesquisador do Programa de Computação Científica (PROCC/Fiocruz) e coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes entende que o cenário, de avanço da variante Ômicron, inspira muitos cuidados. Na terça-feira (11), o Ministério da Saúde admitiu que a linhagem já se tornou prevalente no país.
“É muito preocupante. A gente tem a confirmação do primeiro sinal observado na atualização anterior, com o início da retomada do crescimento de internações por problemas respiratórios em todo o país. Quando olhamos os resultados dos exames laboratoriais, observamos duas frentes importantes. De um lado, a volta dos casos de Influenza A gerando número importante de internações por SRAG. E, do outro, no final de dezembro, a Covid-19, com o mesmo efeito”, afirma Gomes.
O epidemiologista destaca ainda a importância do acesso à informação, não apenas para o processo de tomada de decisão das autoridades no fim do ano, como medidas restritivas para a realização de queimas de fogos e eventos públicos para celebrar o Réveillon. Para ele, essas informações são fundamentais também para a população entender as medidas e poder aderi-las de maneira consciente.
“De posse da informação do cenário epidemiológico preciso que estava ocorrendo, semana após semana ao longo do mês de dezembro, a população poderia ter tomado decisões distintas a respeito de que tipo de eventos poderia organizar ou participar. Mesmo com relação a deslocamentos. Decidiria se encararia viagens longas, de ônibus, e se enfrentaria aeroportos. Essas decisões têm impacto fundamental na curva de casos”, conclui Gomes.
Rayane Rocha Stéfano Sallesda CNN