Após goleada por 5 a 1 em pleno Morumbi, Colorado fica dois pontos à frente do agora segundo colocado.
Morumbi, Abel Braga como técnico e um jovem camisa 11 decisivo em uma vitória para os autos da história. O torcedor colorado fecha os olhos e volta quase 15 anos no tempo, tomado pela imagem de Rafael Sobis em corridas inabaladas, em euforia por seus gols.
Mas não. Não estamos falando do duelo final da Libertadores de 2006. Nem sequer de um jogo que vale título. Mas sim de uma partida em que o Inter jogou como campeão e atropelou o São Paulo para assumir a liderança do Brasileirão a sete rodadas do fim.
No mesmo Morumbi e com o mesmo Abel à beira do campo, Yuri Alberto foi o camisa 11 protagonista de um verdadeiro massacre na goleada colorada por 5 a 1 nesta quarta-feira. O atacante viveu uma atuação digna de nota 10 na cotação do ge, com três gols e uma assistência.
Como já dito, o resultado não valeu taça. O treinador chegou a falar em “sorte de campeão” para não dizer que a equipe jogou, de fato, como tal. Mas autoridade com que passou por cima do então líder do Brasileirão e as sete vitórias seguidas são provas de que o Inter vem fazendo por merecer o tetra.
O placar foi a maior derrota sofrida pelo São Paulo dentro do Morumbi na história. E também é retrato fiel de um Inter que entrou como se fosse decidir o campeonato. Como se não existissem outras sete rodadas, ou vida, além dos 90 minutos.
Do outro lado estava o São Paulo, agora ex-líder e que parecia disputar um jogo qualquer. Essas foram as palavras do comentarista do grupo Globo Caio Ribeiro com pouco mais de 10 minutos de partida. Serve para todos os 90 minutos.
Estratégia especial para a partida
Abel repetiu a escalação pela primeira vez em 15 jogos e traçou uma estratégia perfeita para o Inter neutralizar o São Paulo. E os jogadores a executaram também quase à perfeição.
O quase fica por conta do gol de Luciano em uma falha na bola aérea defensiva. Um lance que passa quase despercebido, tamanha superioridade.
O São Paulo de Fernando Diniz tem como mantra construir o jogo por baixo, desde o goleiro. E o Inter se moldou ao adversário para transformar sua virtude em ponto fraco.
Diferente dos outros jogos, a equipe iniciou com linhas adiantadas e pressão alta para forçar o erro no campo de ataque. Assim, encurralou o São Paulo e não demorou a abrir o placar, com Víctor Cuesta, na bola parada – um dos grandes méritos do trabalho de Abel Braga.
Com a vantagem, controle total
A vantagem no placar permitiu ao Inter controlar o jogo ao seu gosto. Nem precisava ter a bola para isso. A equipe teve meros 38% de posse. Mas finalizou 18 vezes, quase o dobro das 10 finalizações do São Paulo.
Ao bel prazer, o Colorado deu à partida o ritmo e os contornos que quis. Na maior parte do tempo, esteve fechado em seu estilo reativo, com as linhas atrás do meio-campo e velocidade na transição. Especialmente para conter o que foi o esboço de pressão do São Paulo na segunda etapa.
O gol de Caio Vidal – originado em um lançamento dos pés de Lomba – e os dois últimos de Yuri Alberto vieram desta fórmula. Mas a equipe também marcou de forma agressiva e forçou erros na saída de bola mesmo à frente no placar. O primeiro gol de Yuri é consequência direta disso.
Jogando futebol – ou com a sorte – de campeão, o Inter transformou o duelo direto com o líder em um jogo qualquer. Aos 22 minutos do segundo tempo, não restava nada além de esperar o apito final protocolar.
O Inter soma 59 pontos e retoma a liderança do Brasileirão com a goleada por 5 a 1 sobre o São Paulo. A sete rodadas do fim da competição, o sonho do tetra após mais de 40 anos é hoje uma realidade ao alcance das mãos.
Mas o próximo passo é de magnitude semelhante à vitória em terras paulistas. No domingo, o Inter tem pela frente o Grêmio, no Beira-Rio, pela 32ª rodada do Brasileirão. Encara o maior rival e um jejum de mais de 11 duelos e dois anos sem vencer Gre-Nais.
Por Eduardo Deconto — Porto Alegre
Globo.com