Em sua primeira agenda pública desde o retorno dos EUA, o ex-presidente discursou a ruralistas na Agrishow, em Ribeirão Preto
Em sua primeira agenda pública desde o retorno dos Estados Unidos, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou, durante discurso nesta segunda-feira 1º na Agrishow, a política de demarcação de terras indígenas promovidas pelo governo Lula (PT).
As declarações foram feitas a empresários do agro na principal feira do setor em Ribeirão Preto (SP).
“Vocês devem saber que há 400 pedidos de demarcações de terras indígenas e pelo menos 3.500 de quilombolas. E aquele cara disse que faria o possível para atender os anseios das comunidades”, iniciou.
“Se 10% forem atendidos, para onde irá nosso agro? Peço a Deus para isso não acontecer”, concluiu o ex-capitão, que discursou por sete minutos no evento.
Na última sexta-feira 28, o petista homologou seis territórios indígenas durante a cerimônia de encerramento do Acampamento Terra Livre, em Brasília. O ato marcou o fim da política anti-indigenista promovida por Bolsonaro e pelo ex-presidente Michel Temer (MDB).
Em pronunciamento, Lula ainda prometeu trabalhar para demarcar o “maior número possível de terras indígenas” durante os próximos quatro anos e que ter 14% de território atualmente homologados é “pouco”.
O ex-presidente desembarcou em Ribeirão Preto na tarde de domingo, onde foi recebido por centenas de apoiadores. Ele percorreu alguns metros a pé, espremido por guarda-costas e abrindo caminho entre uma multidão frenética de bolsonaristas.
Depois, deixou o local na caçamba de uma caminhonete, seguido por uma pequena caravana de motos e carros.
Bolsonaro chegou à Agrishow por volta das 11h na manhã desta segunda acompanhado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O ex-presidente foi o principal personagem no impasse envolvendo a organização do evento e o governo federal – o mal-estar pelo recuo no convite ao ministro Carlos Fávaro (Agricultura) levou a feira a cancelar a solenidade de abertura.
Mesmo assim, Bolsonaro driblou o cancelamento e utilizou um espaço montado pelo governo estadual para discursar a apoiadores.
Ao falar com os ruralistas, Tarcísio disse nutrir “imensa gratidão” pelo ex-presidente, apresentado ao público pelo cerimonial do evento como presidente. O governador ainda o agradeceu por sempre dar “o crédito para aqueles que o acompanhavam” e reiterou que não vai tolerar ocupações de terra promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra.
“Vamos proteger a propriedade privada no Estado de São Paulo e não vamos tolerar invasão. Os que invadirem terrenos no Estado de São Paulo terão um só destino: a cadeia”, afirmou.
As declarações vêm na esteira da ofensiva adotada por ruralistas contra o MST. Na Câmara dos Deputados, a Frente Parlamentar da Agropecuária conseguiu emplacar uma comissão para investigar os financiadores das recentes iniciativas do movimento em todo o País.
Após os discursos, Bolsonaro, Tarcísio, o senador Marcos Pontes (PL) e lideranças políticas do agro percorreram os espaços da Agrishow, subiram em tratores e máquinas. Em uma delas, o ex-capitão chegou a abrir uma bandeira do Brasil enquanto apoiadores cantavam o Hino Nacional e pediam a prisão de Lula.
Por Wendal Carmo – Repórter e redator do site de CartaCapital