A quebra de sigilo bancário de Fabrício Queiroz autorizada pela Justiça revelou que a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, recebeu ao menos R$ 72 mil do ex-assessor de seu enteado, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), entre 2011 e 2016.
A informação foi revelada pela revista “Crusoé” nesta sexta-feira (7) e confirmada pela CNN com fontes que tiveram acesso às investigações sobre as movimentações atípicas de Queiroz.
Segundo dados revelados pela revista e aos quais a CNN teve acesso, pelo menos 21 cheques do ex-assessor de Flávio foram depositados na conta da primeira-dama de 2011 a 2016.
O primeiro depósito, de acordo com as informações da quebra de sigilo, ocorreu em 13 de outubro de 2011, no valor de R$ 3 mil. Em 4 novembro e 5 dezembro daquele mesmo ano, foram outros dois depósitos de R$ 3 mil cada.
Ao longo de 2012, Michelle recebeu outros seis cheques, também no valor de R$ 3 mil cada. Os cheques foram compensados nos meses de janeiro, fevereiro, abril, maio, junho e julho.
Em 2013, a conta da primeira-dama recebeu outros três depósitos de R$ 3 mil cada, descontados em 6 de fevereiro, 8 de março e 17 de abril. De 2013 a 2015, não houve depósitos. Em 2016, ela recebeu outros nove cheques no valor de R$ 4 mil cada entre abril e dezembro.
Os dados da quebra de sigilo contrariam explicação dada pelo presidente Jair Bolsonaro em dezembro de 2018, quando relatório do Coaf revelou que o ex-assessor de Flávio havia depositado cheques que somavam R$ 24 mil na conta da primeira-dama.
Na época, o chefe do Palácio do Planalto afirmou que o dinheiro era parte do pagamento de um empréstimo de R$ 40 mil que ele tinha feito a Queiroz.
De acordo com a reportagem da revista “Crusoé”, a quebra de sigilo bancário do ex-assessor do filho 01 do presidente da República revelou, porém, que não há qualquer depósito de Bolsonaro a Queiroz no período investigado.
Para os investigadores, isso indica que, se houve de fato um empréstimo, ele teria sido feito em espécie, sem registro no sistema financeiro nacional.
Com informações de Igor Gadelha, da CNN em Brasília