Ao longo do Mês de Vacinação dos Povos Indígenas, serão ofertadas 240 mil doses. Ação começou neste sábado (13), no Oiapoque (AP), com a presença da ministra Nísia Trindade
O Ministério da Saúde iniciou o Mês de Vacinação dos Povos Indígenas (MVPI) neste sábado (13). Em 2024, o planejamento abrange 992 aldeias, alcançando mais de 130 mil indígenas. A previsão é aplicar cerca de 240 mil doses dos imunizantes que compõem o Calendário Nacional de Vacinação. Essa é mais uma estratégia do governo federal para intensificar a vacinação em territórios indígenas com o objetivo de alcançar a cobertura vacinal, principalmente em áreas de difícil acesso geográfico. A abertura da ação, que se estende até 12 de maio, teve a presença da ministra Nísia Trindade na Aldeia Kuahi, na Terra Indígena Uaçá, próxima a Oiapoque, no Amapá. Após a agenda, a ministra esteve na cidade de Santana, próximo à capital Macapá, onde visitou uma sala de vacinação contra a dengue.
O MVPI acontece em todos os 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) situados nas cinco regiões do país. Mais de 2,5 mil trabalhadores e trabalhadoras da saúde estão envolvidos na atividade. A imunização deste público exige grande esforço pois residem em áreas de difícil acesso terrestre, acesso fluvial limitado em períodos de estiagem e áreas com acesso estritamente aéreo.
Neste sábado, com a presença de diversas autoridades, foram imunizados indígenas na Aldeia Kuahi. No local, vivem 19 famílias que juntas totalizam 85 moradores. Foram disponibilizadas, ao longo do dia, 2,7 mil doses de rotina que, a seguir, serão distribuídas aos polos base do Oiapoque. Contra a Covid-19, são 1.140 doses distribuídas.
As demais vacinas aplicadas são BCG, febre amarela, tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba), pneumo 23, poliomielite, varicela, difteria e tétano, meningo ACWY, meningocócica C, poliomielite oral, rotavírus, HPV, pentavalente, pneumo 10 e DTPA (para gestantes).
De maneira geral, a população indígena foi duramente impactada pela disseminação de fake news contra a vacinação, algo que vem sendo revertido após estratégias desenvolvidas pelo Ministério da Saúde. Exemplo disso é o programa Saúde com Ciência, ação inédita e interministerial que tem foco na valorização da ciência e na disseminação de informações confiáveis, além de ações educativas e voltadas à responsabilização.
O programa atua na estratégia de recuperar as altas coberturas vacinais do Brasil diante de um cenário de retrocesso, principalmente nos últimos dois anos, quando foram registrados os piores índices. A propagação de fake news é um dos fatores que impacta na adesão da população às campanhas de imunização.
Concomitante às atividades de vacinação, foram ofertados ao longo do dia outros atendimentos em saúde, de forma a oportunizar as entradas em território indígena, pelas equipes multidisciplinares e demais categorias profissionais. Foram entregues kits de saúde bucal e ofertado atendimento com dentista; distribuição de remédios; atendimento com fisioterapeuta, psicóloga e assistente social; testagens rápidas e leitura de lâminas para malária; e orientações sobre dengue.
Obras e veículos também serão entregues
Entre os investimentos na saúde indígena, a ministra Nísia Trindade assinou ordem de serviço para o início das obras da Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI) da Aldeia Espírito Santo, beneficiando 708 pessoas. Além disso, foi anunciada a renovação da frota do DSEI Amapá com 25 novos veículos para atender a população de 14,5 mil indígenas.
Laboratório Transfronteiriço
A ministra da Saúde assinou também o contrato de criação do Centro Transfronteiriço de Vigilância em Saúde para aprimorar o monitoramento e prevenção das doenças transmissíveis entre o Amapá e a Guiana Francesa.
Além da rede de vigilância em saúde, para garantir a pronta resposta nos dois países e prevenir que focos de doenças se alastrem, será construído o Laboratório de Fronteira (Lafron), aumentando a capacidade de prevenção e resposta contra surtos e epidemias, principalmente na criação e gestão de alertas diante casos de dengue, malária, Covid-19, gripe, rubéola, HIV e infecções sexualmente transmissíveis.
Na prática, todo tipo de doença será monitorada e desencadeará ações específicas na região da fronteira, evitando que se alastre para o resto dos estados de ambos os países. Além disso, favorecerá a troca de informações estratégicas, fundamentais para a construção da política internacional adequada e oportuna para a prevenção e controle de doenças.
A ministra Nísia falou sobre a importância de levar os mais diversos tipos de imunizantes para a proteção indígena e também sobre os avanços que o laboratório trará para a região e os países fronteiriços. “É uma satisfação estar aqui no Amapá e começar a vacinação indígena pelo Oiapoque, essa parte tão importante do Brasil. E lembro que hoje estamos fazendo um Dia D de vacinação da gripe para grupos prioritários em várias partes do Brasil”, disse. “Com relação ao laboratório e ao centro transfronteiriço, eles serão pontos importantes de proteção tanto no Amapá como para os nossos vizinhos, no caso a Guiana Francesa. Pois sabemos que na fronteira pode haver a circulação de vírus e de outros agentes causadores de doenças. Então, isso representa a projeção da vigilância e da pesquisa em saúde que é feita aqui no estado e no Brasil”, acrescentou a ministra, no evento.
Participaram também da cerimônia de lançamento do MVPI o governador do Amapá, Clécio Luis, o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez de Góes, o secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, entre outras autoridades.
Vacinação contra a dengue em Santana (AP)
Após deixar o Oiapoque, a ministra Nísia Trindade seguiu para a cidade de Santana, próximo à capital Macapá, onde visitou a sala de vacinação contra a dengue da Policlínica Municipal Maria Tardes Aguiar. No total, o Ministério da Saúde destinou 12 mil doses do imunizante contra a doença para o estado.