PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ganhou apenas em Fortaleza e voltará a comandar uma capital após oito anos
Os dois partidos com o maior número de prefeituras no Brasil, PSD e MDB, vão comandar também o maior número de capitais. Com a definição dos resultados do segundo turno, as duas siglas elegeram, cada uma, cinco prefeitos. Foi o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, a sigla que mais cresceu, ao conquistar Rio Branco, Maceió, Aracaju e Cuiabá. A legenda não elegia um prefeito de capital desde o ano 2000. O PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ganhou apenas em Fortaleza, e voltará a comandar uma capital após oito anos.
Apesar do empate com os emedebistas no número de capitais, o PSD saiu em vantagem ao comandar um contingente maior de habitantes no país a partir de 2025. Somadas, as 887 cidades que estarão sob o comando do partido concentram uma população de 37 milhões de pessoas. O MDB vem logo atrás, com 36,5 milhões de habitantes nas suas 853 prefeituras — a maior delas, São Paulo, com 11 milhões de habitantes.
Projeto de partido
Para o cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Marco Antônio Teixeira, o crescimento do PSD de 2020 para 2024 é fruto de um trabalho consistente do seu presidente, Gilberto Kassab. Teixeira diferencia a estratégia adotada pelo MDB, que em geral conta mais com líderes regionais. Baleia Rossi, presidente emedebista, por exemplo, se concentrou na campanha à reeleição de Ricardo Nunes, na capital paulista, da qual foi coordenador.
— O resultado do PSD me parece mais sólido e como parte de um projeto do partido que tem a liderança do Gilberto Kassab. No caso do MDB, há mais lideranças estaduais, como os Calheiros em Alagoas. Não dá para dizer que é um partido com a mesma coesão — avalia o cientista político.
No caso do PL, Teixeira afirmou que as vitórias são importantes para colocar o partido como uma das principais siglas nas capitais, mas destacou que nenhuma das quatro cidades que serão comandadas pela sigla está entre as maiores do Brasil. A maior vitória do PL foi em Maceió, décima quarta capital em número de habitantes. As capitais do PL, somadas, têm 2,6 milhões de habitantes, enquanto Fortaleza, que ficou com o PT, tem 2,5 milhões de habitantes.
— A última vez que o PT elegeu um prefeito de capital foi em 2016. Bem ou mal, é um retorno do partido. Mas, nacionalmente, o que a eleição deixou claro é que hoje nenhum projeto de prefeitura do PT passa pelo Sul e Sudeste — disse.
Domínio do Centrão
O resultado do segundo turno também consolidou o domínio de partidos do Centrão nas eleições municipais deste ano. Com as vitórias em Goiânia e em Natal, o União Brasil comandará quatro capitais a partir do ano que vem — o DEM, que se fundiu ao PSL para fundar a nova legenda, também elegeu quatro em 2020. A vitória na capital de Goiás, com Sandro Mabel, ocorreu contra o nome apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, Fred Rodrigues (PL), em uma disputa que opôs duas forças da direita.
— Não fecho portas, mas Bolsonaro foi extremamente deselegante e até desrespeitoso. A idade ensina a comandar um processo eleitoral e a aglutinar forças — disse o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil).
Já o PP, que venceu em Campo Grande e João Pessoa, manteve as duas capitais que possuía. O Avante também conseguiu se manter à frente da capital que já comandava, Manaus, com a reeleição de David Almeida.
A eleição marcou ainda o sumiço do PSDB das capitais. Há quatro anos, além da vitória em São Paulo, o partido também venceu em Natal, Palmas e Porto Velho. O partido também havia conquistado o maior número de cidades com mais de 200 mil eleitores, com 17 vitórias em 2020. Neste ano, foram apenas cinco.
Por Dimitrius Dantas e Gabriel Sabóia — Brasília