Campanha de Lula busca partidos de candidatos derrotados no primeiro turno por apoio no segundo turno; ex-presidente fala em intensificar foco em Minas e no Nordeste
A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula Silva (PT) iniciou nesta segunda-feira, 3, as conversas com os candidatos derrotados no primeiro turno para formar alianças na disputa presidencial. Segundo a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ela já entrou em contato com o PDT, o União Brasil, o PSDB e o MDB para ampliar o leque de aliados. A intenção do partido é ter respostas nos próximos dois dias, segundo Gleisi.
Os partidos que compõem a campanha de Lula apostam em três eixos iniciais para ampliar a vantagem sobre Bolsonaro. O mais imediato é a construção do arco de alianças. Na sequência, recomeça a campanha de rua, quando Lula quer diálogo com eleitores que não apoiam o PT para defender que sua candidatura representa a democracia e o bem-estar social, enquanto Bolsonaro representa o descaso com a população e ameaças à democracia. Os petistas também querem detalhar propostas especialmente para a classe média, com a avaliação de que, no primeiro turno, os planos apresentados miraram sobretudo os pobres.
Sobre os próximos passos da campanha, Lula afirmou que é preciso conversar nas próximas três semanas com os eleitores que “parece que não gostam” do PT. “A partir de amanhã é menos conversa entre nós e mais conversa com o eleitor. A gente não precisa conversar com quem a gente já conhece. A gente precisa conversar com quem parece que não gosta da gente”, disse. Lula indicou que visitará Estados do Nordeste e Minas Gerais e aliados afirmam que ele deve também se dedicar ao interior de São Paulo.
Lula afirmou que as alianças não serão feitas por alinhamento ideológico. “Agora a escolha não é ideológica, não, agora vamos conversar com todas as forças políticas que tenham voto, que tenham significância política”, disse.
O petista, segundo presentes, fez uma crítica à coordenação da campanha de Fernando Haddad, em São Paulo. Segundo pessoas que participaram da reunião, Lula disse que é preciso ajustar as agendas do candidato ao governo paulista, que ficou atrás de Tarcísio de Freitas (Republicanos) no primeiro turno e agora disputa o segundo turno. A jornalistas, Lula afirmou que está disposto a conversar com o governador Rodrigo Garcia (PSDB) e outros oponentes, pelo apoio a Haddad.
O discurso dos aliados de Lula após a reunião é de que houve antecipação do voto útil do eleitorado de direita tanto para Tarcísio, como para Bolsonaro, o que explicaria, segundo eles, o resultado dos dois melhor do que apontam as pesquisas. Ao deixar a reunião, o deputado federal eleito pelo PSOL Guilherme Boulos disse que é “perfeitamente possível” reverter o resultado de São Paulo para a vitória de Haddad e também de Lula. Boulos também disse que “não é novidade” ter uma força conservadora no Congresso, mas disse que houve também eleição de símbolos importantes da esquerda.
“Nós não podemos tratar uma vitória política do Lula como uma derrota política. Quem tem motivo para estar angustiado e desesperado não é quem está aqui hoje”, disse Boulos, ao deixar a reunião.
Por Beatriz Bulla e Luiz Vassallo/ESTADÃO