Por Gleison Fernandes – Jornalismo da UCA.
O governador Rafael Fonteles (PT) enviou à Assembleia Legislativa do Piauí dois novos pedidos de empréstimo que, somados, ultrapassam R$ 8 bilhões. As propostas chegam em um momento delicado, em que cresce o debate sobre o aumento da dívida do Estado e sobre o quanto esses compromissos podem pesar no orçamento nos próximos anos.

O primeiro pedido está no Projeto de Lei Ordinária nº 115/2025 e solicita R$ 4,98 bilhões ao Banco do Brasil. O texto foi apresentado nesta terça-feira (25) durante a sessão da Alepi e agora segue para análise da Comissão de Constituição e Justiça. O governo afirma que o dinheiro será usado em obras de mobilidade urbana, infraestrutura de transportes, urbanização, segurança, saúde, recursos hídricos, transformação digital e injeção de capital em empresas estatais.
Apesar da lista extensa de áreas contempladas, a proposta levanta questionamentos pela falta de detalhamento sobre onde, quando e como esses recursos serão aplicados. Outro ponto que chama atenção é o volume crescente de financiamentos contratados pelo Estado nos últimos anos, o que preocupa parlamentares e especialistas que acompanham a situação fiscal do Piauí.
O governo sustenta que o Estado tem capacidade para assumir novas dívidas e afirma que o impacto será compensado pelos benefícios esperados. Mesmo assim, há quem defenda mais transparência e cautela, já que as parcelas desses empréstimos ficam como responsabilidade direta dos próximos anos de gestão.
O segundo pedido enviado à Alepi é o Projeto de Lei nº 112/2025, que busca autorização para contratar um empréstimo de US$ 600 milhões, cerca de R$ 3,2 bilhões, junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento. O objetivo declarado é renegociar e reorganizar dívidas antigas do Estado.
Na prática, essa operação mostra que o governo tenta ganhar fôlego para pagar compromissos já existentes, ao mesmo tempo em que busca contrair novas dívidas. Essa dinâmica reforça um debate que vem ganhando força: até onde o Piauí consegue sustentar esse volume de financiamentos sem comprometer investimentos futuros e serviços essenciais.
Os dois projetos ainda vão passar pelas comissões da Alepi antes de chegarem à votação no plenário. A expectativa é de intensificação do debate político, já que os pedidos envolvem cifras bilionárias e podem influenciar diretamente o rumo das finanças públicas do Estado.







