Por Gleison Fernandes – Jornalismo da UCA.
A eleição municipal de 2024 em Marcos Parente voltou a expor a forte divisão política no município e, mais uma vez, terminou nas mãos da Justiça Eleitoral. Reeleito com uma margem apertadíssima, o atual prefeito Gedison Alves (PSD) venceu o pleito com apenas 15 votos de vantagem sobre o candidato da oposição, Ricardo Martins (PT).
A disputa apertada e a judicialização do resultado seguem um padrão que se repete nos últimos pleitos realizados na cidade. Marcos Parente tem sido, eleição após eleição, cenário de contestações judiciais que se estendem para além da apuração das urnas. O próprio Gedison, quando derrotado em eleições anteriores, também recorreu à Justiça para questionar os resultados, reforçando um histórico de embates eleitorais que se desdobram em batalhas jurídicas.

Em 2024, a novidade foi a candidatura de Ricardo Martins, filho da ex-vice-prefeita Iara Martins, que compôs a chapa vencedora ao lado de Gedison em 2020. No entanto, a união política entre os dois durou pouco. O rompimento ocorreu ainda durante os primeiros anos de gestão e, a partir daí, Iara passou a atuar de forma independente, abrindo espaço para que seu filho se tornasse o principal nome da oposição local, juntando-se aos grupos políticos dos ex-prefeitos Manoel Emídio e Pedro Nunes.

Agora, a coligação de Ricardo ingressou com uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) contra Gedison Alves e seu vice, Maurício Moreira (PP), apontando supostas irregularidades durante a campanha. A ação, protocolada na 46ª Zona Eleitoral, com sede em Guadalupe, alega abuso de poder político e econômico, uso indevido da máquina pública e possível captação ilícita de votos.
Entre os pontos levantados estão a utilização de publicidade institucional para promoção pessoal, realização de eventos públicos e entrega de benefícios sociais em período eleitoral — como perfuração de poços artesianos, distribuição de materiais de construção e concessão de bolsas de estudo. A denúncia também menciona a realização de shows com distribuição gratuita de comida e bebida, aumento expressivo de contratações temporárias e o uso de servidores públicos em atividades de campanha.
Outro fator que chamou atenção da coligação autora da ação foi o crescimento considerado atípico do eleitorado local. O que levanta suspeitas sobre eventuais transferências irregulares de títulos.
Diante dessas alegações, a oposição pede à Justiça a cassação dos diplomas de Gedison Alves (PSD) e Maurício Moreira (PP), além da declaração de inelegibilidade por oito anos para ambos.
Com mais esse episódio, Marcos Parente reafirma sua condição de município onde o processo eleitoral dificilmente se encerra com a apuração final dos votos.
O Portal Cidade Luz segue acompanhando de perto todos os desdobramentos e permanece à disposição das partes citadas para esclarecimentos ou direito de resposta.