A embaixadora da Ucrânia na ONU, Yevheniia Filipenko, deixa claro que não cabe a autoridades de seu país questionar ou sugerir o momento de uma viagem de um líder estrangeiro para a Rússia.
Yevheniia Filipenko afirmou que espera que o presidente Jair Bolsonaro leve ao seu homólogo russo, Vladimir Putin, uma “mensagem clara” contra uma guerra na Ucrânia e pela defesa da diplomacia. Bolsonaro viaja para Moscou na próxima semana, numa viagem que tem sido alvo de críticas por parte de americanos e vista com desconfiança por europeus.
Num encontro com jornalistas internacionais nesta quinta-feira, em Genebra, a embaixadora ucraniana voltou a repetir que seu país está preparado para uma eventual invasão russa, mas insiste que o único caminho possível é o do diálogo. Kiev é o epicentro de uma crise geopolítica internacional, colocando russos e o Ocidente em lados opostos da mesa.
Americanos e europeus têm criticado o comportamento de Vladimir Putin, que colocou 120 mil soldados nas proximidades da fronteira com a Ucrânia e num gesto considerado pelas autoridades ocidentais como sendo uma ameaça à soberania ucraniana. Moscou nega que esteja planejando uma invasão, mas insiste que é a Otan que está ameaçando sua segurança ao ampliar suas atuações para países do Leste Europeu.
Questionada pela coluna do UOL sobre a viagem de Bolsonaro a Moscou e sobre a mensagem que ela esperava que o brasileiro levasse, a embaixadora explicou que não é um direito da Ucrânia comentar ou criticar a decisão de um país sobre uma visita bilateral. “É um direito soberano de todos os estados de planejar suas visitas bilaterais”, disse Yevheniia Filipenko.
Ela, porém, insistiu que o momento é de que a mensagem da diplomacia chegue até o Kremlin. “Mas acho que o que é importante é que todos os contatos com Moscou mandem uma mensagem clara de todo o mundo – e não apenas dos europeus ou dos EUA – mas também de líderes de outras regiões de que uma guerra não é de interesse de ninguém, que o diálogo e diplomacia devem prevalecer e que os princípios sobre os quais a cooperação internacional deve estar baseada – respeito aos demais, integridade territorial, não interferência e o não uso da força – devem ser respeitados”, defendeu.
“Acho que essas mensagens são de interesse de todos os países, incluindo do Brasil e Ucrânia”, afirmou.
“Esses princípios também são de interesse do povo russo, que acredito que não querem uma guerra”, completou.
Com informações da UOL