Um levantamento, realizado pela Rede de Observatórios da Segurança entre agosto do ano passado e março de 2021, mostra que uma mulher é vítima de violência a cada 72 horas em todo o Piauí.
“A maior parte dos crimes foi cometida por companheiros e ex-companheiros. Brigas e términos de relacionamento são as duas principais motivações quando desconsideramos o alto número de casos em que a motivação não é informada”, afirma o relatório.
De acordo com dados do aplicativo Salve Maria, o número de ocorrências relacionadas a agressões a mulheres no Piauí nos três primeiros meses de 2022 já representa cerca de 46% do total contabilizado em todo o ano passado.
O estudo, realizado de forma independente, monitorou outros 16 indicadores de violência no estado, contabilizando pelo menos 1.042 eventos violentos nos últimos seis meses. Dentre os pontos analisados destaca-se o de meninas vítimas de estupro, com um total de 53 casos.
Outro aspecto que chama a atenção é a quantidade de “justiçamento com as próprias mãos”, episódios de linchamentos de suspeitos, 13 registros.
“O que ocorre é que a população sente o impacto do baixo efetivo policial, do sistema de justiça que não consegue realizar seu trabalho e acaba tomando para si a responsabilidade de fazer justiça. É como se nada funcionasse”, avaliam os pesquisadores.
Sobre a Rede de Observatórios
Após dois anos operando na produção cidadã de dados em cinco estados, a Rede de Observatórios, projeto do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), com apoio da Fundação Ford, chegou ao Maranhão e ao Piauí no segundo semestre de 2021. A Rede de Estudos Periféricos, da UFMA e IFMA, e o Núcleo de Pesquisas sobre Crianças, Adolescentes e Jovens, da UFPI se unem a Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas (INNPD); Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop); Laboratório de Estudos da Violência (LEV/UFC) e ao Núcleo de Estudos da Violência (NEV/USP). O objetivo é monitorar e difundir informações sobre segurança pública, violência e direitos humanos.
Breno Moreno (Com informações da Rede de Observatórios)/Cidadeverde.com