Isolado, Bolsonaro volta criticar governadores: Demagogia

spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

Isolado, o presidente disse que fazer politicagem com coronavírus é ‘coisa de covarde’.

Isolado na estratégia de estimular a circulação da população em meio à crise do novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro afirmou na noite desta quarta-feira (25), em redes sociais, que “fazer politicagem num momento como esse é coisa de covarde”.

Foto: Reuters

Desde terça (24), Bolsonaro passou a defender restrições ao isolamento e distanciamento social. Ele diz que os idosos -grupo mais vulnerável à Covid-19- devem ser protegidos, mas que a maior parte da população poderia voltar à rotina.

As declarações do presidente contrariam recomendações de autoridades médicas, e os governadores decidiram ignorar os apelos de Bolsonaro para abrandar as restrições.

“É mais fácil fazer demagogia diante de uma população assustada do que falar a verdade. Isso custa popularidade. Não estou preocupado com isso!”, escreveu Bolsonaro. “A demagogia acelera o caos.”

Bolsonaro disse pensar na população, que, segundo ele, enfrentará um mal maior do que o vírus caso a atividade econômica continue paralisada. “Não condenarei o povo à miséria para receber elogio da mídia ou de quem até ontem assaltava o país”, afirmou.

De acordo com o presidente, “quase 40 milhões de trabalhadores autônomos já sentem as consequências de um Brasil parado”.

Ele afirmou, na postagem, que as empresas não terão condições de pagar salários enquanto durar o isolamento. Servidores também deixariam de receber salários em dia, disse Bolsonaro. “Não tem como desassociar emprego de saúde. Chega de demagogia! Não há saúde na miséria!”, escreveu.

Após um pronunciamento na terça na contramão de órgãos de saúde e da tendência mundial no combate ao coronavírus, Bolsonaro dobrou sua aposta nesta quarta na tentativa de minimizar a doença e incentivar boa parte da população a abrir mão da quarentena e retomar a rotina.

O presidente acirrou a briga política com governadores e congressistas devido ao discurso radicalizado, perdeu novos aliados, falou em instabilidade democrática e se isolou ainda mais na crise.

Os apelos de Bolsonaro foram ignorados pelos chefes de Executivo dos estados, que se reuniram e decidiram manter a política de medidas restritivas.

O discurso de Bolsonaro em rede nacional de TV e rádio na noite de terça, com ataques à imprensa e em defesa da volta às aulas, foi repudiado pelas classes médica e política e teve reparos do próprio vice-presidente, general Hamilton Mourão, que fez a defesa do isolamento social.

“A posição do nosso governo por enquanto é uma só: isolamento e distanciamento social. Isso está sendo discutido e ontem o presidente buscou colocar e pode ser que ele tenha se expressado de uma forma, digamos assim, que não foi a melhor”, disse Mourão.

Segundo ele, a intenção de Bolsonaro no pronunciamento era demonstrar a preocupação econômica. “O que ele buscou colocar é a preocupação que todos nós temos com a segunda onda como se chama nesta questão do coronavírus. Nós temos uma primeira onda, que é a saúde, e temos uma segunda onda, que é a questão econômica.”

A posição do presidente provocou não só bate-boca em reunião oficial com João Doria (PSDB), governador paulista e potencial rival para 2022, como levou ao rompimento com chefes estaduais que eram antigos aliados. Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Comandante Moisés (PSL-SC) criticaram Bolsonaro devido à crise do coronavírus.

Em videoconferência pela manhã com governadores do Sudeste, Bolsonaro discutiu com Doria.

O tucano criticou o discurso do presidente e apresentou demandas comuns dos governadores. Bolsonaro retrucou agressivamente, acusando o tucano de ser “leviano” e de ter sido eleito em 2018 de carona em sua popularidade, só para depois buscar protagonismo para tentar ser presidente da República em 2022.

“Subiu à sua cabeça a possibilidade de ser presidente do Brasil. Não tem responsabilidade. Não tem altura para criticar o governo federal”, disse o presidente ao tucano. “Se você não atrapalhar, o Brasil vai decolar e conseguir sair da crise. Saia do palanque”, afirmou Bolsonaro.

O embate ocorreu depois de uma consideração de Doria no encontro: “Peço que o senhor tenha serenidade, calma e equilíbrio. Mais do que nunca, o senhor precisa comandar o país”.

Nesta quarta, pelo nono dia seguido, Bolsonaro voltou a ser alvo de panelaços em grandes cidades do país -impulsionados pela conduta do presidente na crise do coronavírus.

O discurso do presidente de minimizar a Covid-19 foi rebatido pelo diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, que, em entrevista ao UOL, disse: “Em muitos países, as UTIs estão lotadas e essa é uma doença muito séria”.

Com informações do Folhapress

Leonidas Amorim
Leonidas Amorimhttps://portalcidadeluz.com.br
Acompanhe nossa coluna no Portal Cidade Luz e fique por dentro.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Posts Recentes

Em Baixa Grande do Ribeiro, casa onde ocorreu chacina que vitimou pai e filhos se torna delegacia

A nova delegacia conta com uma sala para registro de boletim de ocorrência, cartório, sala de investigação, sala de...

Gabigol consegue efeito suspensivo e pode voltar a jogar pelo Flamengo

Clube anunciou a decisão na manhã desta terça-feira, 30, por meio das redes sociais; atacante estava suspenso por tentativa...

Sessão da Câmara de Guadalupe vota projetos de vereadores e decreto da mesa diretora

O presidente da casa, Dr. Dílson Barbosa Gomes, destacou a aprovação do Parecer Técnico do TCE, que foi favorável...

Wellington Dias diz que tem a confiança de Lula para seguir como ministro

"O ministério, ele já deixou claro, não é parte de qualquer negociação", disse Wellington. O ministro do Desenvolvimento Social,...
spot_img

Lula é multado pelo TSE em R$ 250 mil por propaganda contra Bolsonaro nas eleições

Na propaganda questionada, havia declarações de Bolsonaro sobre a Covid-19 e corrupção O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) condenou a Coligação...

Senador Ciro Nogueira tem pedido negado pela justiça para penhorar carro do jornalista Wellington Raulino

O veículo o jornalista é um Volkswagen Siena, ano 2014, que está alienado fiduciariamente. A Justiça do Distrito Federal indeferiu...
spot_img

Posts Recomendados