Mês é o pior em número de focos de incêndio desde 1998, quando começou o monitoramento feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe). Amazônia teve alta de 61% no número de focos em comparação a setembro de 2019.
O Pantanal teve, em setembro, 8.106 focos de incêndio, apontam dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O mês passado foi o pior já registrado em número de focos de incêndio no bioma desde 1998, quando começou o monitoramento do instituto.
Três meses antes de terminar, 2020 também já é o ano com o maior número de focos de incêndio no Pantanal: de 1º de janeiro até 30 de setembro, foram 18.259 focos. Antes disso, o maior número havia sido registrado ao longo de todo o ano de 2005: 12.536.
Alta na Amazônia
A Amazônia também teve alta no número de focos de incêndio: em setembro de 2019, foram 19.925 focos de calor; neste ano, o mesmo mês teve 32.017 focos, uma alta de 61%. O número ficou um pouco abaixo da média histórica para o mês, que é de 32.812 focos. A maior alta para o mês foi em 2007, com 73.141.
Focos de incêndio na Amazônia: setembro
Fonte: Inpe
Há, ainda, uma alta no total anual de focos de incêndio. De janeiro até 30 de setembro de 2019, haviam sido registrados 66.749 pontos de fogo na floresta. Neste ano, eram 76.030, aumento de 14%.Focos de incêndio na Amazônia, janeiro a setembro (2015-20)
Fonte: Inpe
Até 31 de agosto, dado do Inpe mais recente disponível, o Brasil perdeu 53.019 km² de mata nativa da Amazônia e do Pantanal juntos. O número é equivalente a 34 cidades de São Paulo, ou quase a soma das áreas dos estados de Sergipe e Alagoas.
Embates com governo
Os dados do Inpe têm causado embates com o governo federal.
Na quarta-feira (30), o presidente Jair Bolsonaro declarou, em um discurso gravado e apresentado na cúpula sobre biodiversidade da Organização das Nações Unidas (ONU), que organizações, em parceria com “algumas ONGs”, comandam “crimes ambientais” no Brasil e também no exterior. O presidente não apresentou provas para as afirmações.
No sábado (26), a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) publicou informações incorretas sobre as queimadas registradas no país em 2020.
A mensagem da secretaria dizia que a área queimada em todo o território nacional era a menor dos últimos 18 anos.
A afirmação, entretanto, desconsiderava um dado que aparecia na imagem postada pela própria Secom junto com a mensagem: os números de 2020 se referiam aos oito primeiros meses do ano – janeiro a agosto. Já os dados dos outros anos consideravam os doze meses.
Isso é importante porque a alta no número de focos de incêndio ocorre, justamente, no segundo semestre do ano – mais especificamente nos meses de agosto, setembro e outubro, com o pico em setembro.
Os dados usados pelo governo, que também são do Inpe, mostram que, de janeiro até agosto de 2020, a área total queimada no Brasil era de 121.318 km².
Se o mesmo período – de janeiro a agosto – for considerado nos outros anos, é possível ver que, neste ano, o Brasil teve uma área queimada maior que em 2008, 2009, 2011, 2013, 2014, 2015, 2017 e 2018.
Acusações
Investigações da Polícia Federal apontaram, no fim de setembro, que as queimadas no Pantanal de Mato Grosso do Sul começaram em grandes fazendas.
Antes disso, no último dia 22, Bolsonaro disse em um discurso na Assembleia Geral da ONU que o Brasil era “vítima” de uma campanha “brutal” de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal. O presidente disse que a floresta amazônica é úmida e só pega fogo nas bordas, e que os responsáveis pelas queimadas são “índios” e “caboclos”. A declaração, entretanto, é falsa, conforme apuração do G1 junto a especialistas no assunto.
Por G1