Ainda sem a consolidação dos dados oficiais, a presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, disse, na madrugada desta segunda-feira (19), que, “pelos dados” que tem, Luis Arce, do Movimento ao Socialismo (MAS), foi vencedor das eleições realizadas neste domingo e será o novo presidente do país, eleito em primeiro turno.
Áñez, da oposição do partido de Arce, fez o anúncio em postagem no Twitter, enquanto dados oficiais não foram divulgados. O partido MAS é o mesmo de Evo Morales, que governou o país de 2006 a 2019, por três mandatos consecutivos.
“Ainda não temos o resultado oficial, mas, com os dados que temos, os senhores Arce e Choquehuanca ganharam as eleições. Felicito aos ganhadores e lhes peço para governar pensando na Bolívia e na democracia”, escreveu Áñez.
Pouco antes do anúncio da presidente interina, uma pesquisa de boca de urna divulgada pela emissora Unitel TV indicou a vitória de Arce em primeiro turno, com 52,4% dos votos válidos, contra 31,5% do centrista Carlos Mesa.
Pelas leis bolivianas, para vencer no primeiro turno, são necessários 40% dos votos e e que o candidato vencedor tenha pelo menos dez pontos percentuais a mais que o segundo colocado.
Em coletiva de imprensa na Argentina, Evo Morales também se antecipou ao resultado oficial e congratulou Arce como novo presidente eleito em primeiro turno já no início da madrugada desta segunda-feira.
Mais tarde, Evo celebrou a vitória de seu partidário no Twitter. “Irmãs e irmãos: a vontade do povo foi imposta. A vitória retumbante do MAS-IPSP. Nosso movimento político terá maioria nas duas casas. Devolvemos milhões, agora vamos devolver dignidade e liberdade às pessoas”, escreveu.
Caos eleitoral em 2019
Em 2019, Evo Morales liderava a contagem parcial de votos para vencer no primeiro turno e iniciar um quarto mandato quando os resultados foram suspensos, após a oposição denunciar fraudes, sustentadas por relatório da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Com a indefinição eleitoral, diversos episódios de violência explodiram pelo país nos dias seguintes e forçaram Evo a renunciar.
Após a renúncia de outros partidários de Evo de cargos de sucessão, Jeanine Áñez, senadora da oposição, foi nomeada presidente interina em uma sessão do Congresso com quórum reduzido. Áñez governava o país desde então.
Durante o caos eleitoral de 2019, Evo deixou a Bolívia – primeiramente com destino ao México e depois se instalando na Argentina. Com a confirmação da vitória de Arce, é esperado que o ex-presidente retorne ao país.
Diego Freire, da CNN, em São Paulo