O presidente disse que escolha do vice em 2022 não vai ser decidida ‘a toque de caixa’.
O presidente Jair Bolsonaro fez críticas à atuação do vice Hamilton Mourão, nesta segunda-feira, 26, e afirmou que “por vezes” ele atrapalha o governo. Em entrevista à rádio Arapuan, da Paraíba, Bolsonaro disse que a função de vice é similar à do cunhado: “Você casa e tem que aturar, não pode mandar embora”, disse.
Ao justificar a decisão de não apoiar candidaturas nas eleições municipais de 2020, declarou que a escolha do vice em 2022 será feita com mais cuidado, não “a toque de caixa”, como disse ter feito na campanha de 2018. O presidente revelou que cogita a possibilidade de escolher uma mulher, um nordestino ou um mineiro, perfis “agregadores”, segundo ele.
“A escolha do meu vice na última foi muito em cima da hora, assim como a composição das bancadas, principalmente para deputado federal. Muitos parlamentares, depois de ganharem com o nosso nome, transformaram-se em verdadeiros inimigos. O vice é uma pessoa importantíssima para agregar simpatia. Alguns falam que um bom vice poderia ser de Minas Gerais, de um estado do Nordeste, de uma mulher ou de um perfil mais agregador pelo Brasil.”
Mourão já afirmou ao Estadão que não sabe o que se discute no Planalto. “É muito chato o presidente fazer uma reunião com os ministros e deixar seu vice-presidente de fora”, disse, em junho, em entrevista ao jornal. Ele avalia que isso não é bom para a sociedade. “Eventualmente, eu tenho que substituir o presidente e, se não sei o que está acontecendo, como vou substituir? Não há condições.”
Bolsonaro diz que Queiroga dá seguimento ao trabalho de Pazuello
Na mesma entrevista, Bolsonaro afirmou que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, acata suas ordens e faz um trabalho de continuidade da gestão de Eduardo Pazuello à frente da pasta. “Por enquanto, pouquíssima coisa teria a falar contra o Queiroga. Ele deu seguimento a grande parte da política de quem o antecedeu, o general Pazuello, que fez um trabalho fantástico”, disse.
O presidente afirmou ainda que concorda com 90% das medidas do ministro, que tem liberdade para tomar algumas decisões opostas à vontade do chefe do Executivo. “Não é apenas ‘eu falo e ele obedece’. Ele é médico e eu não sou”, minimizou.
Questionado sobre a possibilidade de apoiá-lo em uma possível candidatura ao governo da Paraíba, Bolsonaro disse não ter ouvido de Queiroga manifestação de vontade de concorrer a cargos públicos, mas garantiu que daria suporte a eventual campanha e que o ministro tem perfil mais adequado a postos no Legislativo.
“Vários ministros têm manifestado intenção de disputar governo do Estado, Senado e deputado federal. Nenhuma conversa com o Queiroga foi aprofundada nesse sentido, eu acho ele uma pessoa competente para assumir qualquer função pública no Brasil. Se ele quiser meu apoio, a gente conversa, discute as bases. Ele está muito mais para disputar no legislativo do que no Executivo.”
Estadão Conteúdo