O levantamento foi realizado pelo Portal O Dia até esta quarta-feira (20). O medo de contrair alguma doença é um dos motivos para o aumento das vendas.
Os números alarmantes da dengue em Teresina neste ano – a cidade confirmou 895 casos e quatro mortes pela doença – provocaram um aumento na venda de repelentes nas farmácias. Um levantamento realizado pelo Portal O Dia.com até esta quarta-feira (20) mostra que o produto na capital piauiense já pode ser encontrado nos preços que variam de R$ 14 a R$ 55.
O medo de contrair alguma doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypt, vetor da zika, chikungunya, dengue e febre amarela, é um dos motivos para o aumento das vendas. Os produtos mais procurados são os que têm a substância icaridina, que promete ficar mais tempo na pele, são mais eficientes na proteção contra insetos e são indicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A dona de casa Socorro Machado, que mora na Zona Sul de Teresina, buscou formas de se prevenir das piscadas do mosquito Aedes aegypti e, segundo ela, algumas marcas de repelentes já estão em falta nas farmácias. “Eu costumo comprar em outras épocas do ano por causa da minha alergia, mas tenho percebido que ultimamente os produtos têm sumido das prateleiras. Além disso, o preço já não é mais o mesmo e acredito que seja pela alta procura também”, disse.
“O aumento acontece também em um momento que está tudo caro. Até para se proteger da dengue está difícil. Agora é também necessário fazer a nossa parte, limpando a nossa casa para eliminar os focos”, completa.
Um levantamento do Portal O Dia.com apontou que nas em diversas farmácias da Capital há opções de repelentes com preços que variam de R$ 14 até R$ 40. O produto, com versões para adultos e crianças, é oferecido na forma de spray, creme, gel e aerosol. Em uma das redes de farmácias pesquisadas, o valor do repelente spray com 100 ml custa R$ 55,19. O repelente loção infantil custa R$ 14,05.
Corrida pelos repelentes gera dúvidas
A corrida pelos repelentes também provoca muitas dúvidas na população, sobretudo quando o assunto é escolher o melhor produto e a forma correta de usá-lo. Para tirar as principais dúvidas, a dermatologista Ana Beatriz Lima falou sobre o tema.
Como reconhecer um bom repelente no mercado?
De acordo com Ana Beatriz, o primeiro ponto a ser observado é se o produto possui aprovação pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). Além disso, “é necessário avaliar a composição do repelente, visto que os três ativos reconhecidamente protetores são: o DEET , a icaridina e o IR3535”.
Há diferença de eficácia entre repelentes em creme e em spray?
“Se o produto for utilizado conforme a recomendação do fabricante não há estudos que mostram superioridade de um em detrimento do outro”, disse.
Quais as recomendações para acertar na aplicação do produto?
“Para ter uma proteção adequada é fundamental que o repelente seja aplicado, na quantidade recomendada pelo fabricante, em todas as áreas expostas do corpo. Um erro comum é o uso de repelente somente nos membros inferiores, deixando os membros superiores desprotegidos. O fato de manter regiões expostas do corpo sem o uso do repelente irá atrair mosquitos. Uma dica fundamental é ter cuidado para não entrar em contato com os olhos e a boca. Ao utilizar o produto na face, primeiro passar nas mãos para aplicá-lo no rosto e em outras áreas do corpo. Por fim, não menos importante, assim como o filtro solar o repelente deve ser reaplicado periodicamente para garantir a continuidade da sua eficácia”, completa.
E vale a pena passar o produto em cima da roupa?
Ainda de acordo com a profissional, de forma geral, os mosquitos não conseguem picar sobre as roupas. Portanto, via de regra, não se faz necessário aplicar o produto sobre o vestuário. “Se você estiver em locais densamente povoados por mosquitos, como por exemplo trilhas ao ar livre, é possível que se passe o produto sobre a roupa. É importante ter cuidado para não danificar a peça”, disse.
E em crianças?
As crianças costumam ser mais sensíveis a picadas de mosquitos e, portanto, é muito importante fazer uso do repelente. Existem linhas específicas para o público infantil que podem ser utilizadas a partir dos dois anos de idade. Além disso, bebês acima de seis meses de idade podem fazer uso de repelentes contendo óleo de citronela e icaridina, em concentrações de 25 % e 1,2 % respectivamente. Antes dos 6 meses de idade o ideal é proteger os pequenos por meio de repelentes físicos e ambientais como mosquiteiros, manter portas bem vedadas e janelas com telas apropriadas. O ponto de atenção especial diz respeito ao uso de repelentes contendo DEET: só deve ser utilizado a partir de dois anos de idade, nunca ultrapassando a concentração de 9%.
Como é o consumo de repelentes no Brasil?
“Em 2017, o Brasil ocupava o quarto lugar mundial em consumo de repelentes, porém ainda apresenta uma baixa taxa de uso, considerando que vivemos em um país tropical e com alta incidência de arboviroses (viroses transmitidas por mosquitos). De maneira geral, o maior consumo de repelente acontece entre os meses de dezembro e março”, afirma.
E por que nesse período chuvoso é mais comum o uso de repelentes? No verão, não deveria ser?
“O calor e a chuva aumentam a proliferação de mosquitos e isso explica o motivo de o consumo de repelentes ser maior no verão, período que é reconhecido como uma estação quente e chuvosa”, explica.
Sobre a eficácia, inibe a aproximação do mosquito da dengue?
“Uma vez que a dengue é uma virose transmitida pelo mosquito Aedes aegypt o uso do repelente ajuda a manter o mosquito afastado da pele, reduzindo a chance de contaminação. É importante destacar que além das medidas de proteção individual como uso de repelentes e roupas adequadas é essencial evitar deixar água parada e entulhos que possam servir como reservatório do mosquito”, finaliza.