As taxas de administração podem ficar mais baixas que o crédito imobiliário, mas a disponibilidade do bem não é imediata.
Com a taxa de juros nas alturas, os financiamentos acabam ficando mais caros. A Selic chegou a 12,75% em maio. O consórcio surge, então, como outra opção para compra de bens de altos valores, como imóveis e veículos. Mas as duas opções têm desvantagens.
Segundo Jorge Freire, CEO do BomConsórcio, diante de um cenário de aperto monetário, o consórcio se torna mais competitivo. “Ele não tem juros, é composto basicamente do fundo comum, de onde sairá o recurso para as cartas de crédito; da taxa de administração, a remuneração da administradora pelo serviço prestado; do fundo de reserva, uma provisão para eventuais custos do grupo; e de seguros opcionais. Esse valor é dividido pelo prazo total do contrato”, explica Freire.
Mas Daniel Garrido, head de crédito da BankRio, destaca que “mesmo não havendo a cobrança da taxa de juros, existem outras taxas que o cliente deve ficar atento, como a taxa de administração, que pode ser bem alta dependendo da empresa ou do plano selecionado. O analisar o custo final ou custo efetivo total”.
Para quem tem pressa, consórcio é um problema
A principal diferença entre essas duas escolhas é a disponibilidade do bem. No consórcio, é preciso esperar a sua cota ser comtemplada, seja por um dos sorteios mensais da administradora ou dando um lance.
Segundo Garrido, “sem sombra de dúvidas, a opção para o cliente que tem pressa em adquirir um imóvel continua sendo o financiamento imobiliário. Não é necessário aguardar nenhuma contemplação, o dinheiro é liberado logo após a aprovação e registro, permitindo que o cliente que já tenha um imóvel em vista, não perca a oportunidade de compra”.
Já o professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e economista-chefe da G11 Finance, Hugo Garbe, destaca que, apesar da disponibilidade, “uma entrada mais alta é necessária e um custo maior, que aumenta mais ainda com as taxas de juros”.
“Se não há pressa, é a escolha mais barata, mas irá demorar para a sua família usufruir do bem. Existe uma característica de sorteio, então, você conta com a sorte e tem também tem que dar um lance para pegar o bem antes. São características que precisam ser levadas em conta”, completa o economista.
Para Jorge Freire, antes de escolher, todas as alternativas devem ser estudadas para alinhar o perfil, as expectativas e o orçamento do comprador. “Para quem precisa do dinheiro imediatamente, o financiamento é mais garantido. Mas isso tem um custo. As administradoras, de modo geral, indicam na venda de cotas a probabilidade de contemplação em alguns grupos com lances de determinado valor ou percentual. Então se o consorciado tem algum recurso disponível para dar um lance, essa é também uma possibilidade, mesmo não havendo garantia de contemplação imediata”, analisa.
Quais cuidados ter com o consócio ou financiamento
Planejamento é fundamental para qualquer uma das opções contratadas. De acordo com Freire, “é importante ter clareza quanto à sua capacidade de endividamento, saber qual a parcela que você pode assumir. Não são compras por impulso. O consumidor não pode assumir em consórcios ou financiamentos parcelas que representem mais do que 30% da sua renda familiar total. Então escolha sempre um plano que seja confortável e que caiba no seu bolso”.
“Com o consórcio vale analisar se existem mecanismos de saída, que dão a esse mercado segurança e liquidez para recuperar uma parte importante do recurso que foi investido durante uma fase inicial. Mas se a mudança de planos ocorrer após a contemplação e o resgate da carta de crédito acontecer, as consequências seguem uma linha muito parecida com as do financiamento”, complementa o CEO da BomConsórcio.
Nem consórcio, nem financiamento
É consenso entre os especialistas que nem o consórcio nem o financiamento são as melhores opções para as finanças de qualquer pessoa. O mais indicado é guardar dinheiro para comprar o bem à vista. A taxa de juros elevada é propício para isso.
“Sempre é indicado comprar à vista, guardar dinheiro. A gente tem uma taxa de juros que o banco para você de cerca de 14%. Então se você consegue guardar dinheiro nessas condições é muito melhor. Você consegue uma remuneração alta. Na economia quando você tem pressa, você paga a mais por isso”, aconselha Garbe.
Mas Daniel Garrido ressalta que vale sempre comparar quando o dinheiro rende com os juros da operação. “Dessa forma, a pessoa irá saber se vale a pena deixar o dinheiro investido, “trabalhando” e contratar um financiamento imobiliário ou outra opção”.
*Estagiária do R7, sob supervisão de Ana Vinhas
ECONOMIA | Camila Nascimento, do R7*