País registrou deflação pelo segundo mês consecutivo; índice foi influenciado por queda no preço dos combustíveis
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação oficial no país, fechou agosto em -0,36%, no segundo mês consecutivo de deflação. Os dados foram divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Houve aceleração em relação ao mês anterior, quando o índice ficou em -0,68%. No ano, o IPCA acumula alta de 4,39% e, nos últimos 12 meses, de 8,73%. Os números continuam acima da meta do Banco Central para a inflação neste ano, de 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos — ou seja, variando entre 2% e 5%
De acordo com o instituto, o grupo de transportes teve o maior impacto sobre o resultado, influenciado principalmente pela queda no preço dos combustíveis (-10,82%). Em agosto, os quatro combustíveis que compõem o índice tiveram retração:
- Gasolina (-11,64%)
- Etanol (-8,67%)
- Óleo diesel (-3,76)
- gás veicular (-2,12%)
Os preços das passagens aéreas também caíram no mês (-12,07%), após quatro meses consecutivos de alta. O gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, diz que a redução pode ser atribuída à sazonalidade.
“Essa é uma comparação com julho, que é um mês de férias e há aumento da demanda. Além disso, foram quatro meses seguidos de alta, o que eleva a base de comparação. Também há o impacto da redução do querosene de aviação nesse período”, disse.
Sete dos nove grupos tiveram alta
Sete das nove áreas pesquisadas pelo IBGE tiveram alta em agosto. Apenas transportes e comunicação registraram deflação. Veja a variação mensal por grupo:
- vestuário: +1,69%
- saúde e cuidados pessoais: +1,31%
- educação: +0,61%
- despesas pessoais: +0,54%
- artigos de residência: +0,42%
- alimentação e bebidas: +0,24%
- habitação: +0,10%
- comunicação: -1,10%
- transportes: -3,37%
Frango, queijo e frutas sobem
O grupo de alimentação e bebidas desacelerou em relação ao mês anterior (0,24% ante 1,3%), mas itens importantes na mesa das famílias tiveram alta de preços, como frango em pedaços (2,87%), queijo (2,58%) e frutas (1,35%).
Por outro lado, leite longa vida (-1,78%), óleo de soja (-5,56%) e tomate (-11,25%), vilões da inflação nos meses recentes, registraram queda.
“Nos últimos meses, os preços do leite subiram muito. Como estamos chegando ao fim do período de entressafra, que deve seguir até setembro ou outubro, isso pode melhorar a situação. Mas no mês anterior, a alta do leite foi de 25,46%, ou seja, os preços caíram em agosto, mas ainda seguem altos”, disse Kislanov, gerente da pesquisa.
Sobre o IPCA
O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980, se refere às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos, residentes em áreas urbanas.
Para o cálculo do índice do mês, foram comparados os preços coletados entre 29 de julho e 29 de agosto de 2022 (referência) com os preços vigentes entre 30 de junho e 28 de julho de 2022 (base).
Com informações da UOL