“No meu entendimento não configura jamais legítima defesa, até porque ele [o suspeito] poderia ter desistido, a vítima estava desarmada, e mesmo assim ele continuou.”
O delegado de Confresa, Victor Donizete de Oliveira, falou hoje, em entrevista ao UOL News, sobre o assassinato de um apoiador do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com golpes de faca e machado. O suspeito é um homem de 24 anos e defensor do presidente Jair Bolsonaro (PL), identificado como Rafael Silva de Oliveira. O delegado descartou legítima defesa no crime.
“No meu entendimento não configura jamais legítima defesa, até porque ele [o suspeito] poderia ter desistido, a vítima estava desarmada, e mesmo assim ele continuou.”
Oliveira disse também o suspeito não demonstrou nenhum arrependimento pelo crime que cometeu. “Relatou com muita naturalidade. Para ele, parecia algo normal”, contou.
De acordo com o boletim de ocorrência registrado na polícia, o caso ocorreu em uma chácara na zona rural de Confresa, no estado de Mato Grosso, e foi relatado por um funcionário do mesmo local onde a vítima trabalhava. A vítima, Benedito Cardoso dos Santos, de 42 anos, e Oliveira estavam tendo uma discussão política.
Oliveira foi preso em flagrante, mas teve a detenção convertida em preventiva, pelo juiz Carlos Eduardo Pinho Bezerra de Menezes, da 3ª Vara da Comarca de Porto Alegre do Norte.
Os presidenciáveis como Lula, Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil) já se manifestaram e lamentaram o ocorrido. O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro ainda não.
“Bolsonaro não é presidente dos bolsonaristas, e sim do Brasil. Ele tem uma responsabilidade com a garantia e manutenção da paz, segurança e do bem-estar de todos os brasileiros”, falou o colunista do UOL Leonardo Sakamoto.
“Deveria vir a público pedir paz, tranquilidade e para que todas as torcidas organizadas nesse momento utilizem o diálogo e não os ataques, além de condenar esse ato. Ele precisa vir a público e parar de usar termos como ‘extirpar’ e ‘fuzilar’. Esses termos, quando atingem a militância dele, não são vistos como figura de linguagem, mas ao pé da letra”, continuou ele durante o UOL News.
Fala de Lula sobre Ku Klux Klan foi infeliz, mas não é comparável às de Bolsonaro, diz Sakamoto
Sakamoto também falou sobre a declaração do ex-presidente Lula comparando os atos de 7 de setembro do presidente Bolsonaro a Ku Klux Klan (KKK). Na avaliação dele, foi uma frase “infeliz” e que provavelmente será explorada por seus adversários durante a campanha eleitoral.
Mas o colunista afirmou que não é possível comparar com o que Bolsonaro fala. “Ele [Bolsonaro] está estruturalmente atacando a democracia brasileira, dando declarações machistas e racistas e incentivando a violência.”
Colaboração para o UOL