Os números de todos os municípios foram divulgados nesta sexta-feira (16) e avaliou estudantes dos anos iniciais e finais do ensino fundamental e do ensino médio regular.
Somente os municípios de Cocal dos Alves, Floriano e Tanque do Piauí conseguiram notas acima de 5 nos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Brasileira (Ideb), divulgado nesta sexta-feira (16) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Os números são referentes aos alunos do ensino médio.
O Ideb é um termômetro criado em 2007 pelo para medir a qualidade do ensino público e privado no país.
As escolas públicas estaduais de Cocal dos Alves, a 223 km ao Norte de Teresina, tiveram o melhor desempenho com 5,8; seguida de Floriano (5,1) e Tanque do Piauí (5,1); ambos os municípios ficam no Sul do estado. Na capital, Teresina, a média das escolas estaduais foi de 4,3. Em todo o Piauí, a média geral as escolas foi 4,0.
Segundo os dados divulgados nesta sexta, dos alunos matriculados no ensino médio, 84,1% que fizeram as provas de proficiência em Língua Portuguesa e Matemática eram de escolas estaduais. Apenas 10,1% eram de privadas e 5,6% escolas federais, que não tiveram os resultados divulgados por terem número insuficiente de participantes.
‘Números enganosos’
Houve pouca variação em relação à edição anterior, de 2019, mas isso não significa que não houve perdas na aprendizagem na pandemia ou que as desigualdades regionais não se acentuaram no período.
Os novos dados, coletados em 2021 , devem ser interpretados com muita cautela para não levarem a conclusões enganosas. São números distorcidos, explicam especialistas ouvidos pelo g1: foram colhidos em condições que acabaram “mascarando”, de forma não intencional, o verdadeiro retrato da educação brasileira na pandemia.
Nos anos iniciais do ensino fundamental, por exemplo, justamente na etapa em que as crianças enfrentaram dificuldades nos processos de alfabetização à distância, o Ideb nacional foi de 5,8 (uma flutuação muito discreta em relação aos 5,9 de antes da pandemia).
Nos anos finais do ensino fundamental, a variação também foi pequena (de 4,9 para 5,1), e no ensino médio, o Ideb ficou estacionado em 4,2 — mais uma vez, evidenciando que os números não indicam necessariamente o que aconteceu com o desempenho dos alunos neste período.
“A comparação entre os resultados deve ser evitada”, afirma Maria Helena Guimarães de Castro, presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE).
Mas por que os dados podem dar essa impressão “enganosa” de que não houve retrocessos na educação?
Primeiramente, é preciso saber como o Ideb é calculado. Em uma escala de 1 a 10, ele cruza duas informações:
- taxa de aprovação/fluxo escolar (a porcentagem de alunos que não repetiram de ano em uma escola ou rede de ensino);
- notas do Saeb, uma prova de português e de matemática feita por alunos do 2º, 5º e 9º ano do ensino fundamental e por estudantes do 3º do ensino médio. No caso do 9º ano, para uma amostra específica, houve também questões de ciências da natureza e ciências humanas.
Só que, neste ano, esses dois “ingredientes” foram comprometidos, porque:
- Parte das redes de ensino adotou a aprovação automática na pandemia (e terá, portanto, um Ideb artificialmente mais alto).
- Pela primeira vez, também por causa da Covid-19, a porcentagem de alunos que fizeram a avaliação (Saeb) foi muito mais baixa em alguns estados fornecendo dados estatisticamente pouco confiáveis. Comparações e rankings não serão fiéis à realidade.
Na coletiva de imprensa, Victor Godoy Veiga, ministro da Educação, afirmou que estratégias adotadas pelo governo federal, juntamente aos estados e municípios, pretendem levar a uma educação de qualidade, reparando as perdas de aprendizagem decorrentes da pandemia.
Com informações do G1 Piauí