FMI recomenda que governos reduzam déficits e priorizem combate à fome

spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

“Depois de décadas de redução, a pobreza extrema tem aumentado no mundo, e se projeta que ela ficará bem acima do [nível] pré-pandemia”, disse Vitor Gaspar, diretor de Assuntos Fiscais Públicas do FMI, durante o lançamento do relatório.

O FMI (Fundo Monetário Internacional) apontou que o endividamento público global vem caindo e deve fechar 2022 em valor similar ao de 91% das riquezas geradas no planeta. O número vem diminuindo, mas segue cerca de 7,5 pontos percentuais acima do registrado antes da pandemia.

Apesar disso, a entidade defende que os governos sigam priorizando o combate à fome e, ao mesmo tempo, sejam responsáveis na gestão fiscal e firmes no combate à inflação.

FMI recomenda que governos reduzam déficits e priorizem combate à fome

O Fundo divulgou nesta quarta (12) o relatório Monitor Fiscal. Ele projeta que o Brasil deve terminar 2022 com a dívida pública na faixa de 88,2% do PIB, e atingir 88,9% em 2023. O estoque da DPF (Dívida Pública Federal) do Brasil atingiu R$ 5,781 trilhões em agosto, dado mais recente disponível, segundo o Ministério da Economia.

A dívida brasileira estava em 60,2% do PIB em 2013, e foi subindo continuamente ao longo da década passada. Em 2020, bateu em 98,7%. Desde então, vem recuando. Em 2021, fechou em 93%. (Veja os números de outros países mais abaixo).

Embora as dívidas dos países estejam altas, o Fundo recomenda que os governos sigam tomando medidas para proteger a população das crises e garantir o acesso a emprego, renda e, especialmente, à comida. E que façam isso de modo a manter a estabilidade fiscal e a seguir reduzindo seus níveis de endividamento.

“Depois de décadas de redução, a pobreza extrema tem aumentado no mundo, e se projeta que ela ficará bem acima do [nível] pré-pandemia”, disse Vitor Gaspar, diretor de Assuntos Fiscais Públicas do FMI, durante o lançamento do relatório.

“Recursos orçamentários e financeiros são escassos, mas a nutrição e a segurança alimentar devem ter prioridade”, afirmou.

Além disso, o FMI pede que os países tomem soluções em conjunto para facilitar o acesso à comida, combustíveis e outros suprimentos. E defende que as taxações sejam feitas de forma justa, incluindo cobrar mais impostos sobre grandes lucros e rendimentos.

A entidade analisou as ações tomadas por mais de 170 países e encontrou um padrão: nações ricas fizeram mais ações de compensação em relação aos custos de energia, e as mais pobres priorizaram garantir o acesso à comida.

No estudo, o Brasil é citado pelo Auxílio Emergencial. “Os efeitos de estabilização do programa excederam em muito os dos programas que existiam antes da pandemia”, aponta o documento. “Como resultado, a taxa de pobreza e o índice de desigualdade caíram de modo temporário em 2020.”

O alto endividamento dos países pode gerar mais inflação, pois trazem o risco de que os governos precisem pegar empréstimos a juros mais altos, ou subir impostos, para obter dinheiro para os gastos públicos. Estes dois movimentos favorecem a alta de preços.

Quando investidores avaliam que um país não terá condições de cumprir seus compromissos, podem retirar dinheiro dali, gerando uma crise. Foi o que ocorreu recentemente com o Reino Unido, após um plano de corte de impostos proposto de modo inconsistente levar a uma forte desvalorização da libra. O governo britânico recuou da medida depois de sofrer pressão.

“Os mercados estão buscando por certezas em um mundo muito incerto. Isso é muito difícil de atingir em um mundo incerto. É preciso conduzir as políticas com flexibilidade e muita humildade”, disse Gaspar.

Nesta semana, o FMI realiza as reuniões anuais de primavera, em Washington, e divulga vários estudos. Para o Fundo, a economia do Brasil deve crescer neste ano abaixo da média global, da média da América Latina e da média de países em desenvolvimento. Segundo as projeções, o Brasil deve ver seu PIB (produto interno bruto) crescer 2,8% em 2022, enquanto o mundo deve registrar crescimento médio de 3,2%.

Em outro relatório, a entidade alertou que os riscos ligados à estabilidade financeira global aumentaram, e que países emergentes, como o Brasil, correm mais riscos, porque emprestar dinheiro no exterior ficou mais difícil. “O ambiente global é frágil com nuvens de tempestade no horizonte”, afirmou o Fundo, no relatório Global Financial Stability (Estabilidade Financeira Global), divulgado na terça.

Fonte: Folhapress/Rafael Balago

Gleison Fernandes
Gleison Fernandeshttps://portalcidadeluz.com.br
Editor Chefe do Portal Cidade Luz

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Posts Recentes

Júlio César destaca união do agro durante posse da nova diretoria da CNA em Brasília; veja o vídeo

O parlamentar e o superintendente do Senar Piauí, Diego Paz, participaram do evento na sede da entidade, na capital...

Câmara aprova projeto que reduz penas de Bolsonaro e condenados por tentativa de golpe

Votação ocorreu na madrugada, horas após tumulto no plenário com deputado Glauber Braga, do PSOL. Proposta será enviada para...

Deputados aprovam pedido de empréstimo de US$ 600 milhões do Governo do Piauí

Segundo a justificativa do Executivo, o valor será utilizado na reestruturação da dívida estadual. A Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi)...

Sala do Empreendedor de Jerumenha é certificada com Selo Ouro pelo SEBRAE

Por Gleison Fernandes - Jornalismo da UCA. A Sala do Empreendedor de Jerumenha foi certificada com o Selo Ouro de...
spot_img

Veículos com mais de 20 anos de uso não vão pagar mais IPVA

Emenda constitucional foi promulgada nesta terça-feira O Congresso Nacional promulgou hoje (9) a Emenda Constitucional 137/25 que isenta veículos com...

Como o refrigerante sem açúcar pode prejudicar sua Dieta e metabolismo

Pesquisa associa consumo de bebidas adoçadas artificialmente à esteatose hepática; especialista explica como a 'compensação calórica' atrapalha a perda...
spot_img

Posts Recomendados