Pressione Enter e depois Control mais Ponto para Audio

CFM abrirá consulta pública para discutir resolução que limita uso de cannabis medicinal

spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

O Conselho Federal de Medicina (CFM) anunciou no fim da tarde desta quinta-feira, 20, que está reabrindo a consulta pública à população para receber contribuições para a atualização da Resolução 2.324/2022.

Trata dos critérios para a prescrição do canabidiol (CBD) medicinal no País. A resolução publicada na última sexta-feira tornou a prescrição do CBD ainda mais restritiva do que previa a resolução anterior, de 2014, gerando grande polêmica.

Pelas novas regras do conselho, os médicos só podem prescrever o CBD para o tratamento de alguns tipos de epilepsia e , apenas se não houver bons resultados com os tratamentos tradicionais. A decisão veio em um momento em que a prescrição de CBD se torna cada vez mais comum para diferentes tipos de problemas, como depressão, dor crônica, fibromialgia.

Com o anúncio da reabertura da consulta pública – desta vez não apenas para médicos, mas para toda a população – qualquer pessoa poderá enviar contribuições para o debate, entre os dias 24 de outubro e 23 de dezembro. Este é o primeiro passo para que toda a resolução seja revista. Médicos e entidades já haviam anunciado que continuariam prescrevendo o CBD independentemente da decisão do CFM.

Na nota divulgada na tarde desta quinta-feira, o CFM se justificou. Lembrou que foram avaliados mais de 6 mil artigos científicos sobre o tema e consultados centenas de profissionais O conselho acrescentou que pauta suas decisões pela medicina baseada em evidências.

“As conclusões apontam para evidências ainda frágeis sobre a segurança e a eficácia do canabidiol para o tratamento da maioria das doenças, sendo que há trabalhos científicos com resultados positivos confirmados apenas para os casos de crises epiléticas relacionadas às síndromes de Dravet, Doose e Lennox-Gastaut”, diz a nota.

A manifestação acrescenta ainda que o plenário do conselho considera “prudente aguardar o avanço de estudos em andamento, cujos resultados vão ampliar – ou não – a percepção de eficácia e segurança do canabidiol, evitando expor a população a situações de risco”. O Ministério Público Federal (MPF) questionou o CFM sobre o assunto, e a entidade diz agora que encaminhará todas as informações solicitadas.

Associações emitem nota

Em nota divulgada nesta quinta-feira, cinco associações se pronunciaram como contrárias à decisão do CFM, foram elas: Associação Brasileira de Indústria de Insumos Farmacêuticos (ABIQUIFI), Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades (ABIFINA), Associação Brasileiras das Empresas do Setor Fitoterápico, Suplemento Alimentar e de Promoção da Saúde (ABIFISA), Associação Brasileira de Organizações Representativas de Pesquisa Clínica (Abracro) e a Associação Brasileira das Indústrias de Canabinoides (BRCann).

Segundo as instituições, a autonomia médica deve ser fundamental na recomendação da substância e temem prejuízos à continuidade de tratamentos já em curso.

O manifesto também critica as proibições do conselho às menções de médicos ao componente em palestras e cursos a respeito do tema. “Restringir os espaços em que o profissional poderá falar sobre significa colocar barreiras à divulgação de conhecimento científico e travas ao fomento das pesquisas”, disse o texto, que continua: “Outra consequência prejudicial da resolução proposta é a possibilidade de limitar o desenvolvimento da ciência e de novos protocolos de estudo”.

De acordo com as associações, o uso de canabinoides é amplamente testado no tratamento de doenças como esclerose múltipla, em cuidados paliativos do câncer e também em quadros de saúde mental, como o autismo. Junto a isso, a recombinação de seus elementos podem potencializar ainda mais os benefícios do extrato da planta.

A nota encerra alertando sobre o risco de restringir a participação social de pacientes, familiares, profissionais de saúde, pesquisadores e empresas no desenvolvimento de produtos de origem natural e sugere novas discussões técnicas com o conselho a respeito da substância.

“Não se pode desconsiderar os tratamentos em curso e que vêm obtendo sucesso na resposta terapêutica. Pelo bem-estar dos pacientes e do avanço científico, as entidades se colocam à disposição do Conselho Federal de Medicina e entendem como oportuna a abertura de diálogo”, encerra o manifesto. (Colaborou Fabio Tarnapolsky, especial para o Estadão)

com informações do Cidade Verde

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Posts Recentes

Prefeito afirma que segunda atração do aniversário será divulgada neste final de semana durante o Guadalupe Junina

Por Gleison Fernandes. Durante a programação do Guadalupe Junina 2025, o prefeito Jesse James adiantou que a segunda atração confirmada...

Deputado aciona STF e pede prisão preventiva de Bolsonaro por risco de fuga

Documento menciona ida de Eduardo Bolsonaro aos EUA e apoio de Trump ao ex-presidente. O deputado federal Rogério Correa (PT-MG)...

Em Parnaíba, Julio Cesar recebe apoio de 12 vereadores e reforça pré-candidatura ao Senado

O parlamentar segue ampliando a sua base de apoio em todo o estado. O deputado federal Julio Cesar (PSD), pré-candidato...

Como aderir ao acordo para receber os descontos realizados indevidamente pelo INSS

A adesão pode ser feita pelo aplicativo Meu INSS ou presencialmente nas agências dos Correios em todo o país Aposentados...
spot_img

Abertura do Guadalupe Junina atrai grande público e destaca cultura local com 12 apresentações

Por Gleison Fernandes. O Guadalupe Junina 2025 começou na noite desta quinta-feira, 10 de julho, e já no primeiro dia...

Senadora Jussara Lima destaca a relevância do Programa Acredita do ministério de Wellington Dias

A parlamentar ressaltou a autonomia financeira das mulheres, vítimas de violência, apoiadas pelo programa do governo federal. Na quarta-feira, 09,...
spot_img

Posts Recomendados