Deputados evangélicos votaram divididos na Reforma Tributária e querem ampliar ainda mais a isenção para Igrejas

spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

No Senado, a ideia é pressionar o relator da proposta, Eduardo Braga (MDB-AM), para conseguir mais benefícios

A ampliação da isenção tributária a templos e igrejas não foi suficiente para que a bancada evangélica votasse a favor da PEC na Câmara. No Senado, a ideia é pressionar o relator da proposta, Eduardo Braga (MDB-AM), para conseguir ainda mais benefícios.

A PEC aprovada na Câmara ampliou a imunidade tributária às instituições religiosas contra impostos federais, estaduais e municipais. A Constituição já garantia esse benefício, mas só a “templos de qualquer culto”. O novo texto agora fala também de “organizações assistenciais e beneficentes” das igrejas.

Foto: Reprodução/Redes sociais

A “ampliação da ampliação”, por sua vez, quer acabar com a tributação para a construção e reformas de templos, escolas, asilos, creches e comunidades terapêuticas ligadas às igrejas.

— De certa forma, o texto proposto pela PEC contempla [a demanda da igreja]. Agora nós vamos lutar para clarear mais ainda. Vamos tentar chegar a 100%. Alcançamos 80% — disse o deputado Eli Borges (PL-TO), presidente da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional, referindo-se às negociações já iniciadas pela bancada no Senado.

O entendimento das igrejas é que a Constituição é clara em dizer que todo CNPJ ligado à igreja é imune. Só que alguns municípios, estados e agentes da Receita não entendem dessa maneira. Por isso, o argumento dos evangélicos de que só pedem para “clarear” o que já está na Constituição.

— Ela resolve 80% dos nossos problemas. Mas dá para ampliar mais no Senado — acrescentou o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que diz ter votado contra em razão do “açodamento” da votação.

Bancada se divide

Uma das mais influentes do Congresso, a bancada evangélica participou ativamente das negociações. Na hora da votação do texto principal, no entanto, a frente se dividiu ao meio: 64 se manifestaram favoráveis à proposta, e 54, contra, segundo levantamento do GLOBO.

Criada em 2003, o bloco conta hoje com 203 signatários, dos quais 132 são considerados membros ativos e não apenas simpatizantes. O próprio relator da PEC, deputado Aguinaldo Ribeiro PP-P, é evangélico da igreja Batista e membro da bancada.

A ideia de ampliar a isenção para as obras já faz parte de uma PEC protocolada neste ano pelo deputado federal Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) e poderia ser incluída no texto da reforma que está no Senado. A PEC propõe a isenção de impostos de templos religiosos na “na aquisição de bens e serviços necessários à formação do patrimônio, à geração de renda e à prestação de serviços”.

Procurado pelo GLOBO, o senador Eduardo Braga se limitou a dizer que ainda irá analisar os pedidos.

– Vamos ver isso em agosto – disse Braga.

Influência bolsonarista

A questão partidária e a aproximação com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) acabaram pesando mais do que os benefícios concedidos às igrejas para uma parcela do grupo. Mesmo com o atendimento de um pleito antigo das lideranças eclesiásticas, a maior parte dos deputados evangélicos do PL votou contra a reforma, seguindo a orientação da cúpula partidária, o que inclui o atual presidente da bancada, Eli Borges.

— A votação se deu por orientação de partido e convicção individual. No texto principal, a Frente não tomou partido — explicou o deputado, que entregará o comando da bancada a Silas Câmara (Republicanos-AM), em agosto.

Câmara, por sua vez, votou a favor, acompanhando a decisão do seu partido, que é ligado à Igreja Universal do Reino de Deus.

— Essa reforma poderia ter alcançado unanimidade se tivesse tido mais tempo para debater o relatório — ponderou Borges. — A reforma melhorou muito. Não era o ideal, eu só não votei [sim] pelo açodamento do Arthur [Lira] e porque foi liberado emendas para mim antes e isso poderia ter outra conotação — completou o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que presidiu a bancada no ano passado.

A realidade é que, com exceção dos bolsonaristas “raiz”, até os evangélicos que se posicionaram contrários à PEC saíram satisfeitos com o texto aprovado – assim como lideranças das megaigrejas, a quem os parlamentares prestam obediência.

Representantes das maiores instituições evangélicas do país, como Assembleia de Deus Madureira e Belém, Internacional da Graça e Universal entregaram mais votos sim do que não à reforma.

Por Eduardo Gonçalves e Victoria Abel – O GLOBO

Leonidas Amorim
Leonidas Amorimhttps://portalcidadeluz.com.br
Acompanhe nossa coluna no Portal Cidade Luz e fique por dentro.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Posts Recentes

WhatsApp lança recurso que transforma áudios em mensagens de texto

A Meta, empresa dona do WhatsApp, do Instagram e do Facebook, anunciou que irá habilitar o recurso de transcrição...

Júlio César irá se reunir novamente com Rafael Fonteles para reforçar o desejo de mais espaços para o PSD

‘Queremos que o governador raciocine matematicamente’  Presidente do PSD no Piauí, o deputado federal Júlio César revelou que vai se...

Campanha alerta para versão contemporânea do trabalho escravo

Dados da CPT mostram que 82,6% das vítimas são negras Durante este mês da Consciência Negra, a Comissão Pastoral da...

Estudantes da rede estadual recebem medalhas da Olimpíada Nacional de Ciências em Teresina

Na edição deste ano, os estudantes da rede estadual de ensino conquistaram 168 medalhas, sendo 67 de ouro, 60...
spot_img

Renovação de matrículas para o ano letivo de 2025 das escolas estaduais do Piauí iniciam na segunda (25)

A informação foi divulgada pelo governador Rafael Fonteles e pelo secretário da Educação, Washington Bandeira, nesta sexta-feira (22). A renovação...

Júnior Nato destaca parcerias no Pactos pelo Piauí e participa de confraternização do PT em Teresina

Por Gleison Fernandes - Jornalismo da UCA. O prefeito de Jerumenha, Júnior Nato (PT), reeleito para o quadriênio 2025-2028, participou...
spot_img

Posts Recomendados