Presidente diz que investimento foi alvo de ‘mancomunação’ de juízes e procuradores subordinados aos EUA
Ao participar da cerimônia de retomada de investimentos na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, cujas obras foram paralisadas após a Lava Jato apontar um esquema de corrupção, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a operação, nesta quinta-feira, 18, e disse que houve “mancomunação entre juízes e procuradores brasileiros subordinados ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Segundo Lula, “esses agentes nunca quiseram que o Brasil tivesse uma refinaria”.
“A história ainda vai ser contada, porque você sabe que, muitas vezes, a história ainda leva anos, décadas e até séculos para a gente saber da verdade”, afirmou Lula, na cerimônia em que participaram a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, além de ministros de diversas pastas.
“Mas eu vou dizer uma coisa como presidente da República deste país: tudo que aconteceu neste país foi uma mancomunação entre alguns juízes deste país, alguns procuradores deste país, subordinados ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que queriam e nunca aceitaram o Brasil ter uma empresa como a Petrobras.”
Em seu discurso, Lula ponderou que houve “erros e acertos” na implantação da refinaria, e comemorou o fato de o Brasil retomar sozinho a obra. A refinaria nasceu como um projeto conjunto entre Brasil e Venezuela, para refino do petróleo do país vizinho ser utilizado no mercado brasileiro. As obras foram iniciadas em 2005, mas, dois anos depois, a Venezuela abandonou o projeto.
Esquema de corrupção
O Brasil seguiu com a construção e, em 2014, inaugurou a primeira fase da refinaria, com capacidade para refino de 115 mil barris por dia. Naquele mesmo ano, o então diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, citou em delação premiada a existência de um esquema de corrupção nas obras de implantação da refinaria.
O esquema é relatado na denúncia que os procuradores da Lava Jato apontaram que Lula teria recebido propina por meio de um apartamento triplex no Guarujá. Na sentença que o condenou, o então juiz Sergio Moro usou as alegações do Ministério Público Federal para justificar a condenação, que mais tarde foi anulada pelo Supremo Tribunal Federal.
A retomada das obras da refinaria foi aprovada pela Petrobras ainda durante o governo de Jair Bolsonaro. O presidente da estatal, Jean Paul Prates, afirmou que a conclusão das obras tem custo estimado entre 6 bilhões a 8 bilhões de reais. A Petrobras já gastou cerca de 90 bilhões na construção da refinaria.
Por José Benedito da Silva – VEJA