Valor arrecadado foi atingido 40 dias antes do que o mesmo período no ano de 2023.
O Impostômetro, que contabiliza quanto os brasileiros pagam em impostos durante o ano, atingiu R$ 2 trilhões no domingo (21), às 8h20, 40 dias antes do que em 2023. No mesmo período do ano passado, o total arrecadado era de R$ 1,7 trilhão, representando um aumento de 17,6%. Em comparação com a primeira vez que o Impostômetro registrou R$ 2 trilhões, em 9 de dezembro de 2015, houve um crescimento acumulado de 82%.
Instalado na sede da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), o painel do Impostômetro contabiliza o valor pago pelos contribuintes aos governos federal, estadual e municipal desde o início do ano. Essa soma inclui impostos, taxas, contribuições, multas, juros e correção monetária. Em julho de 2015, o total era de R$ 1,1 trilhão, quase a metade do valor atual.
Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da ACSP, atribui o resultado de 2024 ao aumento da atividade econômica, dos preços, da renda e do emprego, além do impacto da inflação e da reintegração do PIS e Cofins nos combustíveis. Ele explica que o sistema tributário brasileiro taxa excessivamente o consumo, de modo que, à medida que os preços dos bens e serviços aumentam, a arrecadação cresce. A elevação da atividade econômica também contribui para o aumento da arrecadação.
Para João Eloi Olenike, presidente executivo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), o marco de R$ 2 trilhões em julho reflete as diversas medidas do governo federal para aumentar os tributos. Entre elas estão o ajuste das alíquotas do ICMS em diversos estados, a atualização do IPTU e o aumento do IPVA em várias unidades da federação. Um estudo do IBPT revelou que, em 2024, o brasileiro trabalhou até o dia 28 de maio apenas para pagar tributos, ou seja, quatro meses do ano. Ao todo, foram 149 dos 366 dias dedicados ao pagamento de impostos, destacando a elevada carga tributária no país. A tributação brasileira é comparável à da GrãBretanha, mas a renda por habitante no Brasil é significativamente inferior, resultando em um pagamento de impostos desproporcional ao nível de desenvolvimento econômico.