Em 2020, foram 150 processos de racismo, injúria ou intolerância racial. Em 2023, 3.915. E até agosto de 2024, 4.205.
A busca por Justiça para casos de racismo aumentou no Brasil.
Uma maior compreensão sobre o que é o crime de racismo. Entender que a intolerância e o ódio por causa da cor negra são inadmissíveis. Especialistas não têm dúvida de que é por isso que a procura pela Justiça nesses casos está aumentando, como mostram os números do Conselho Nacional de Justiça.
Em 2020, foram 150 processos de racismo, injúria ou intolerância racial. Em 2023, 3.915. E até agosto de 2024, 4.205.
As mulheres são as que mais procuram a Justiça: 56%. E a Bahia é o estado com mais processos relacionados à questão racial: 5 mil desde 2020.
Adriana Cruz, uma das primeiras juízas negras do Brasil, explica também que a procura pela Justiça está crescendo porque as vítimas sabem que agora vão ter uma resposta concreta do Poder Judiciário.
“Condutas que antigamente eram toleradas, eram aceitas, hoje não são mais, e isso vai se refletir, obviamente, nos conflitos que são apresentados para o Judiciário”, afirma a juíza.
Para especialistas, esse aumento do número de casos vem, em parte, com a mudança na lei que, desde o ano passado, equiparou o crime de injúria racial a racismo, que é inafiançável e imprescritível: não tem fiança nem prazo para ser julgado. Mas especialistas dizem também que essa mudança de comportamento tem muito a ver com um maior reconhecimento racial, o orgulho de ser negro.
“As cotas raciais, toda política afirmativa que vem sendo implementada ao longo do tempo, fazem também com que esse sentimento de pertencimento, de estar inserido na sociedade, aflore mais essa vontade de levar ao Poder Judiciário os casos de discriminação e preconceito”, diz Beethoven Andrade, presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB-DF.
Por Jornal Nacional