Stephanie (primogênita), David e Raquel (filhos da irmã do ex-ministro) levaram, juntos, R$ 10 mil do benefício criado para vulneráveis.
Além da filha, pelo menos outros dois parentes diretos do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, atual secretário especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, receberam o auxílio emergencial, recurso liberado pelo governo federal para atender famílias vulneráveis durante a pandemia da Covid-19 no Brasil. Os dados são do Portal da Transparência, mantido pela Controladoria-Geral da União (CGU).
Stephanie dos Santos Pazuello é filha legítima do general da ativa do Exército e, atualmente, aos 35 anos, ocupa um cargo por indicação, desde janeiro deste ano, na Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. De acordo com a publicação, a herdeira foi nomeada para exercer o cargo de assistente da secretaria, com salário inicial de R$ 1.884,00.
Apenas no ano passado, portanto, quando o militar já ocupava o ministério, a servidora comissionada recebeu um total de R$ 2,4 mil dos cofres públicos em duas parcelas: uma em abril e outra em julho.
Naquele mesmo mês, ela ganhou um cargo anterior ao atual, também comissionado, mas na Rio Saúde – empresa pública da Prefeitura. O salário era de R$ 7.171,00. O pagamento do benefício federal foi referente ao mês de maio, portanto, antes de Stephanie tomar posse na instituição.
Sobrinhos
Dois filhos de Cynthia Pazuello – irmã mais velha e administradora das empresas da família do ex-ministro – também aparecem na lista de beneficiados pelo programa assistencial sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Para a Receita Federal, a empresária declara o capital social do conglomerado de R$ 1,2 milhão.
O caçula de Cynthia, David Pazuello Franco de Sá, por exemplo, é técnico em informática e tem uma vida confortável com a mãe, em Manaus. Eles moram no condomínio Monte Líbano, na badalada rua Efigênio Salles, área nobre da capital amazonense. Com cerca de 25 anos, o rapaz recebeu R$ 4,2 mil do auxílio emergencial no ano passado, divididos em 9 parcelas: de abril a dezembro de 2020.
Da mesma forma, Raquel Pazuello Silva, que é uma das irmãs dele, também recebeu o dinheiro extra do governo federal. Mesmo morando na Califórnia, nos Estados Unidos, conforme ostenta nas redes sociais, a engenheira elétrica formada pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) sacou R$ 3,3 mil do programa destinado a famílias mais carentes afetadas pela pandemia.
No caso dela, foram 7 saques, entre os meses de julho a dezembro de 2020, em parcelas que variaram de R$ 300 a R$ 600. De acordo com o Portal da Transparência, apenas o valor do repasse referente ao mês de maio do ano passado (de R$ 600) foi devolvido aos cofres públicos.
O que dizem os envolvidos?
Ao Metrópoles, a Controladoria-Geral da União informou que as referidas informações retiradas do Portal da Transparência são de responsabilidade do Ministério da Cidadania, encarregado pela liberação dos benefícios. Procurado, o órgão não havia se pronunciado sobre o caso até a publicação da reportagem.
Da mesma forma acionada, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República direcionou a demanda para a assessoria de imprensa da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos do Palácio do Planalto.
O órgão também não se posicionou acerca da situação dos benefícios direcionados a parentes do ex-ministro e atual secretário. O espaço segue aberto e poderá ser atualizado se houver manifestações dos órgãos federais.
Já a Secretaria Municipal de Saúde do Rio, onde Stephanie Pazuello está nomeada, informou que “segundo apurado com a profissional, que não é servidora municipal efetiva, o auxílio emergencial foi recebido em 2020, em período anterior às funções exercidas junto a órgãos da Prefeitura do Rio de Janeiro”.
Cortes
Desde o início do crédito do auxílio emergencial 2021, o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cortou ao menos 4,4 milhões de brasileiros do pagamento do benefício.
Em anúncio no fim da tarde da última quinta-feira (12/8), o governo federal divulgou o calendário das parcelas extras do auxílio, que serão depositadas em três novas cotas. Segundo o ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos-BA), cerca de 35 milhões de brasileiros serão assistidos.
Para evitar recebimentos indevidos, a pasta realiza um pente-fino, todo mês, nos beneficiários do auxílio emergencial. Isso faz com que algumas pessoas, por exemplo, não recebam todos os pagamentos.
Em relação ao ano passado, a diferença é ainda maior. Em 2020, 68,3 milhões receberam ao menos uma parcela. Isso significa que cerca de uma a cada duas pessoas foi excluída, desde então, do programa.
“Esse procedimento, conhecido como revisão mensal, visa garantir que o benefício chegue exclusivamente aos cidadãos de menor renda”, alegou a pasta à época.
Com informações do Metrópoles